Título: IPC semanal de -0,33% é o menor desde sua criação
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/08/2005, Economia & Negócios, p. B3

Recuo no preço dos alimentos e o menor impacto das tarifas de telefone e de energia provocaram deflação no índice, que começou a ser apurado em janeiro de 2003

RIO - O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) foi de -0,33% no período encerrado em 22 de agosto - o menor resultado da história do indicador, iniciada em janeiro de 2003. Na apuração anterior, o IPC-S também foi negativo, apesar de maior (-0,20%). Segundo informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os recuos de preços em Alimentação (de -1,10% para -1,30%) e Habitação (de 0,23% para 0,10%) provocaram a despencada nos preços. Na avaliação do economista da FGV, André Braz, a inflação no varejo continua beneficiada por "uma combinação favorável de fatores", como deflação nos alimentos, menor impacto do aumento da tarifa de telefone e recuo na de energia elétrica. Mas alertou que esse cenário não continuará para sempre. "Pode até ser que o IPC-S fique nesse patamar (baixo) na próxima semana, mas em setembro acho difícil isso se manter."

Segundo Braz, no IPC-S de até 22 de agosto os preços de Vestuário estão em deflação menos intensa (de -1,82% para -1,46%), mostrando redução no ritmo das liquidações relacionadas à antiga coleção outono/inverno, graças à proximidade da coleção primavera/verão. Além disso, o recuo nos preços dos alimentos pode estar chegando ao limite. No IPC-S anunciado ontem, a intensificação na queda de preços dos alimentos foi causada por recuos de preços em segmentos com preços voláteis, como Hortaliças e Legumes (-5,82%) e Frutas (-3,88%). Dos sete grupos que compõem o IPC-S, seis apresentaram recuo de preços.

Um possível aumento na gasolina pode acelerar o processo de retorno de elevações na taxa do IPC-S, na avaliação de Braz. A gasolina tem grande peso na inflação do varejo. "Um aumento de 10% no preço da gasolina teria influência de 0,03 ponto porcentual no IPC-S."