Título: Juros futuros têm forte alta
Autor: Lucinda Pinto, Mario Rocha e Silvana Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2005, Economia & Negócios, p. B9

E aparentemente há espaço para mais aumentos; mercado futuro de dólar movimentou US$ 8 bilhões

A exemplo dos demais mercados, o de juros foi bastante afetado pela denúncia de Rogério Buratti segundo a qual o ministro Antonio Palocci recebia dinheiro de uma empresa de Ribeirão Preto, quando era prefeito (ver página B1). O contrato com vencimento em janeiro de 2007 chegou à máxima de 18,75%, ante 17,95% na véspera, e fechou projetando taxa de 18,50% ao ano. Segundo operadores, alguns investidores estrangeiros zeraram posições, num franco movimento de redução de exposição ao Brasil. Alguns argumentaram que na hipótese de a crise chegar ao extremo e Palocci deixar o cargo, há nomes à altura para substituí-lo. Portanto, acrescentaram, não é caso de pânico. Mas o mercado continuará sensível, vulnerável e preocupado com os desdobramentos da crise política. Ninguém vai pagar para ver e, na opinião dos operadores, ainda há espaço para a alta das taxas. "A verdade é que ninguém sabe ao certo o quanto essa crise poderá se agravar. O clima ficará tenso por bastante tempo", comentou um deles.

A Bolsa paulista teve um desempenho curioso. Ela operava em alta de 1% quando a acusação de Buratti foi divulgada, e chegou a cair quase 3%. Mas passado o pior momento, o Ibovespa reduziu as perdas e fechou em baixa de 0,95%, com volume financeiro de R$ 1,853 bilhão.

"Com uma acusação dessas e com a disparada do dólar, a Bolsa até que caiu pouco", disse um operador. "Os estrangeiros, mais uma vez, seguraram o mercado", observou outro.

Em Nova York, as Bolsas tiveram mais um dia de fraco desempenho, fechando praticamente estáveis - o Dow Jones subiu 0,04% e o Nasdaq caiu 0,02%. Um dos motivos foi a disparada do petróleo futuro, cujo contrato de setembro subiu 3,29%, para US$ 65,35 o barril.

As maiores altas do Índice Bovespa foram de Eletropaulo PN (3,25%), VCP PN (2,46%) e Embraer ON (2,16%). As maiores quedas foram de Copel PNA (4,44%), Gerdau Metalúrgica PN (4,03%) e Acesita PN (3,55%).

No mercado cambial, o stress se refletiu também na expectativa pela publicação, por parte das revistas semanais, de denúncias bombásticas relativas à crise. Assim, o volume movimentado com dólar futuro aumentou 16%, para US$ 8 bilhões. Os seis contratos negociados projetaram alta.