Título: Palocci nega denúncia e ataca MP
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2005, Nacional, p. A7

BRASÍLIA - Em tom de crítica ao Ministério Público, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reagiu ontem às acusações de que recebia, quando era prefeito de Ribeirão Preto (SP), pagamento de R$ 50 mil por mês de empreiteiras que cuidavam do serviço de lixo na cidade. Em uma curta nota à imprensa, o ministro negou com "veemência" as denúncias apresentadas pelo promotor Sebastião Sérgio da Silveira com base no depoimento do advogado Rogério Buratti ao Ministério Público. No depoimento, Buratti, ex-assessor do ministro, disse que o dinheiro era repassado ao Diretório Nacional do PT. "O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, nega com veemência a veracidade da informação de que recebeu recursos da empresa Leão Leão quando exercia o cargo de prefeito do município de Ribeirão Preto", afirmam as três linhas iniciais da nota, distribuída pela assessoria do ministério, em Brasília, às 14h18, três horas depois das declarações de Silveira.

O ministro também negou que seu ex-assessor Ralf Barquete (já falecido) tenha recebido recursos da Leão Leão para ser repassados ao PT. De acordo com o promotor, o próprio Palocci teria coordenado o acerto com a Leão Leão sobre recebimento de propina das empreiteiras do lixo.

Na nota de 19 linhas, Palocci negou as acusações, mas é genérico na sua defesa, sem dar mais informações e preferindo o contra-ataque com críticas à atuação do Ministério Público.

"A indiscrição de autoridades e o modo como foram dadas as declarações configuram total desrespeito às regras jurídicas e podem prejudicar o bom andamento das investigações. A Lei Orgânica do Ministério Público Estadual obriga os promotores a resguardar o sigilo do conteúdo de documentos ou informações obtidas em razão do cargo ou função", ataca Palocci.

Ele afirma ainda que interessa a completa elucidação dos fatos, mas destaca que "isto não será alcançado com a precipitada divulgação de alegações parciais e infundadas".

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal, ajudaram a coordenar a reação de Palocci, que estava no Rio, onde participou de reunião na Petrobrás.

Foi a segunda nota, em uma semana, que Palocci é obrigado a divulgar em função de Buratti. Quebra do sigilo telefônico do ex-assessor revelou telefonemas de Buratti a Palocci e, na sexta-feira passada, o ministro divulgou comunicado para afirmar que seus contatos com Buratti foram, nos últimos anos, apenas "sociais e esporádicos" e que os telefonemas foram, "provavelmente, tentativas de contato que não prosperaram".