Título: Em evento de esporte, esforço para manter agenda positiva
Autor: Ana Paula Scinocca e Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2005, Nacional, p. A12

Ao participar ontem à tarde da cerimônia de lançamento da Política Nacional de Esporte, em São Paulo, o presidente Lula não comentou a crise. Sua assessoria se limitou a informar que, antes de chegar ao Esporte Clube Pinheiros, zona oeste, ele tinha telefonado para o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e conversado sobre as denúncias de Rogério Buratti. O lançamento da Política Nacional do Esporte foi mais um evento programado pela Presidência para manter agenda positiva paralela ao desenrolar da crise. Assessores e pessoas próximas a Lula se esforçam para dar clima de festa a esses eventos e animar o governo. Ontem, o presidente da Confederação Brasileira de Clubes, Arialdo Boscolo, fez Lula sorrir quando afirmou em seu discurso que, embora tenha pedido mais de uma vez para ser julgado apenas no fim do seu mandato, é preciso dizer que ¿este já é o governo que mais fez pelo esporte brasileiro¿.

Lula tinha discurso preparado para ser lido, mas preferiu falar de improviso. Sentiu-se à vontade para tratar do tema do evento, citando times de futebol, recorrendo a metáforas futebolísticas e enfatizando o gosto do brasileiro por esportes. ¿Não somos um país em que, quando vai haver um jogo de futebol, a mulher sai de casa, porque o marido vai vê-lo. Não. Muitas vezes é ela quem fala: `Vamos sentar aqui, tomar uma cervejinha, ver o jogo, torcer.¿ Mesmo que seja um contra o outro.¿

Lula também voltou a fazer comparações com governos anteriores: ¿Duvido que na história do Brasil já teve alguém com a dedicação de ouvir, discutir, reunir as pessoas e planejar política de esportes como o companheiro Agnelo. Sem medo de errar, ele passará para a história como o ministro que mais contribuiu para a organização do esporte.¿ O Ministério do Esporte foi criado neste governo e Queiroz é filiado ao PC do B, partido aliado cuja fidelidade a Lula tem se mantido inabalável. Ao lado do presidente, na mesa, encontrava-se o deputado Jamil Murad, do mesmo partido.

Ao final, Lula acenou para jornalistas, mas não parou para conversar. Concedeu meia dúzia de autógrafos e foi embora. Nas fileiras de cadeiras reservadas a autoridades e convidados, várias estavam vazias ¿ fato inimaginável no início do governo Lula, quando os lugares eram quase sempre disputados.