Título: Meirelles diz que confia em Palocci e tudo será esclarecido
Autor: Marina Guimarães e Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2005, Nacional, p. A12

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o vice-presidente da República, José Alencar, saíram em defesa do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, acusado por seu ex-assessor Rogério Buratti de receber propina quando era prefeito de Ribeirão Preto. Meirelles afirmou que nesses dois anos e nove meses que está trabalhando junto com o ministro Antonio Palocci aprendeu a "confiar na palavra dele, no que ele diz e em suas ações". "A nota divulgada pelo Ministério da Fazenda me parece suficientemente clara, deixando a posição do ministro esclarecida, sem margem de dúvida, o que me deixa tranqüilo de que tudo isso será esclarecido e que a economia continuará sendo gerida dentro da normalidade", afirmou.

Em uma entrevista após a reunião dos presidentes dos Bancos Centrais do Mercosul, Bolívia, Chile e Peru, em Santiago, no Chile, Meirelles disse que a atual gestão econômica está tendo sucesso no Brasil e é importante que ela continue.

"É importante que o Brasil continue tendo boas práticas de gestão fiscal, de maneira que o Brasil possa aumentar de novo o seu crescimento potencial, possa continuar criando empregos e continuar crescendo de forma sustentável."

Indagado sobre se a reação do mercado hoje diante das denúncias contra Palocci seriam os primeiros sinais de que a economia está sendo atingida pela crise, Meirelles respondeu que movimentos de mercado são normais. "É normal que o mercado reaja aos acontec imentos. Mercado sobe, mercado desce. O importante é que a economia brasileira está ancorada em bases sólidas."

Já o vice-presidente da República, José Alencar, disse "é preciso que haja investigação para verificar até onde vai a verdade dessas colocações que foram feitas. Eu tenho o Palocci na conta de um homem de bem. Porque até provem o contrário, qualquer um de nós é bom, é honesto, é correto", disse Alencar, ao sair do Hospital Sírio Libanês em São Paulo, onde fez uma angioplastia. Alencar usou a mesma expressão, "homem de bem", para definir o presidente Lula. "Não existe esta hipótese de impeachment para retirar do governo um homem como o Lula, um homem corretou." Para Alencar, a crise política não afetará a economia. "O Brasil pode ficar tranqüilo porque as instituições estão absolutamente preservadas."

O vice-presidente confirmou ter se encontrado com a cúpula petista em 2002, quando fechou "acordo político" para "ajuda nas campanhas dos deputados federais e estaduais" do PT e do PL. Foi no encontro que os partidos "fecharam a aliança".