Título: Alckmin defende cautela e apuração
Autor: Cida Fontes, Raquel Massote e Odail Figueiredo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2005, Nacional, p. A18

O governador Geraldo Alckmin reagiu às denúncias contra o ministro Antonio Palocci sugerindo cautela, pedindo a continuidade das investigações e que o governo não pare de funcionar. "São acusações graves, mas temos que ter cautela neste momento", disse. "O País tem dado demonstrações de maturidade. Todas as acusações têm que ser investigadas, mas o governo tem que continuar funcionando e a iniciativa privada, continuar trabalhando", arrematou. O governador de Minas, Aécio Neves também pediu cautela. Ele advertiu que "os homens públicos não podem se tornar reféns de uma onda de denuncismo". Afirmou que qualquer acusação, para ser levada em conta, tem que se basear em evidências. "É necessário que haja investigação e provas. Independentemente de nossas posições político-partidárias, é preciso que tenhamos todos extrema responsabilidade com o País", afirmou o governador.

CONSISTÊNCIA

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) aconselhou "ponderação e prudência" ante as denúncias. "Seria muito leviano falar em afastamento do ministro Palocci, que é o avalista de toda a política econômica, sem saber a consistência das denúncias", comentou Tasso, para quem o PSDB precisa aguardar os desdobramentos e verificar primeiro se as denúncias têm fundamento.

"Por isso, não podemos avaliar de bate-pronto em cima de uma denúncia ainda superficial", afirmou. "Vamos ficar atentos com cautela, mas com firmeza no propósito de investigar todas as denúncias", completou Tasso. Segundo a avaliação dele, uma eventual convocação de Palocci para depor na CPI dos Bingos - já há, até, um requerimento apresentado pelo senador Geraldo Mesquita (PSOL-AC) neste sentido - por si só já poderia causar tumulto no mercado.

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), considerou graves as acusações feitas a Palocci e disse que elas confirmam que o PT tinha um esquema de propina anterior ao montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. "Infelizmente, vemos que se descobriu um outro propinoduto do PT, anterior ao valerioduto", disse o deputado.

Freire não deu muito crédito à nota divulgada no início da tarde por Palocci, observando que o governo Lula já se caracterizou "por desmentir primeiro e ter de reconhecer que era verdade depois". Ele ironizou a isenção do presidente Lula, perguntando se ele "será a única flor nesse pântano". E disse ter-se convencido de que o dinheiro arrecadado não serviria apenas par a financiar campanhas eleitorais, mas também "para sustentar o aparelho partidário e corromper aliados do PT".