Título: Publicitário cobra PT na Justiça
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2005, Nacional, p. A19

BELO HORIZONTE - Apesar de admitir que Delúbio Soares não tem mais força no partido, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza mostrou-se satisfeito ontem com a posição do ex-tesoureiro, de que o PT deveria pagar a dívida com ele. A direção provisória do PT só admite pagar empréstimos feitos oficialmente. Duas notificações judiciais para que o PT salde débitos com Valério foram ajuizadas ontem pelo advogado Rodolfo Gropen. Uma foi feita em nome da SMPB Comunicação, cobrando R$ 92 milhões referentes a empréstimos contraídos a partir de 2003, com correções e encargos cobrados pelos Bancos BMG e Rural. A outra notificação está em nome de Valério, no valor de R$ 460 mil (também corrigido), referente a uma parcela paga pelo publicitário de um empréstimo tomado pelo PT do qual ele foi avalista.

Sobre a decisão do governo de não renovar o contrato do publicitário Duda Mendonça com a Presidência da República, Valério disse que preferia não polemizar, mas repetiu que irá à Justiça contra o Banco do Brasil e a Eletronorte para buscar ressarcimentos pelo rompimento dos contratos de publicidade com a DNA Propaganda. "Até agora, ninguém provou que houve superfaturamento. O governo agiu de uma maneira unilateral", disse. "No caso do Duda, o contrato venceu..."

Ao comentar o depoimento de Delúbio à CPI do Mensalão, Valério disse que, na sua opinião pessoal e "íntima", o ex-tesoureiro "protege" pessoas do PT e do governo. Valério só citou o nome do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. "Isso prova a lealdade canina que ele (Delúbio) tem como militante do PT. Ele segura consigo todo o tipo de informações."

Delúbio, conforme Valério, tem "adoração" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não digo que ele protege o presidente, até porque o presidente, na minha opinião, não precisa ser protegido." O publicitário voltou a dizer que não acredita que Lula tivesse conhecimento do esquema de financiamento ilegal que saldou dívidas de campanha petistas e até de partidos que se aliaram a ele no segundo turno da eleição de 2002.