Título: Petros tem R$ 95,9 milhões no BMG e no Rural
Autor: Eugênia Lopes e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - O Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás, tem R$ 90,4 milhões aplicados no BMG e R$ 5,5 milhões no Rural, informou ontem o presidente da instituição, Wagner Oliveira. Estas aplicações, disse ele, são feitas desde 1995. "Representam 0,4% do nosso patrimônio, que é de R$ 25 bilhões", disse, durante entrevista coletiva concedida logo depois de reunião secreta da CPI do Mensalão. Compareceram também à CPI os presidentes do Previ, do Banco do Brasil, Sérgio Rosa, e do Funcef, da Caixa Econômica Federal, Guilherme Lacerda. Oliveira contou ainda que foi indicado para a presidência da Petros pelo secretário especial do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE), Luiz Gushiken, e que participou da equipe de transição do governo de Fernando Henrique Cardoso para o de Luiz Inácio Lula da Silva. Também na entrevista, revelou que o Petros fez convênio de 2003 a junho deste ano com a Globalprev, empresa que pertenceu a Gushiken, no valor de R$ 485.841,00, para treinamento de pessoal.

"Fizemos também convênio com outras quatro empresas. No total, foram gastos nesse período R$ 3,189 milhões." O Previ gastou R$ 44 mil com a Globalprev nos últimos dois anos.

O Previ não tem mais dinheiro no BMG e no Rural. Mas investiu neles no ano passado. "Em 2004 fizemos aplicação de R$ 60 milhões nestes bancos, mas sempre pelo sistema de pregão eletrônico, atrás de quem oferecia as melhores taxas", afirmou Sérgio Rosa. Lacerda, do Funcef, disse que não aplica mais no BMG nem no Rural. "Em 2003 e 2004 fizemos pequenas aplicações lá."

Os presidentes dos três fundos de pensão compareceram ontem espontaneamente para depor na CPI do Mensalão. A sessão foi secreta por decisão do presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO). Isso desagradou os parlamentares, porque as sessões reservadas não podem ser transmitidas pela TV. Enquanto a CPI do Mensalão brigava, os integrantes da CPI dos Correios aproveitaram para dar entrevistas sobre suas suspeitas a respeito da participação dos fundos no esquema de corrupção montado pelo PT.

Percebendo que estavam fora da mídia, os integrantes da CPI do Mensalão decidiram ouvir, agora em sessão aberta e com transmissão pela TV, os três presidentes dos maiores fundos, mais os de outras estatais, na quarta-feira que vem. Antes, a CPI dos Correios havia quebrado o sigilo do Petros, do Funcef e do Geap nas operações que estes fundos mantêm com o BMG e o Rural. Até o fim da semana, deverão ser quebrados os sigilos de outros fundos, entre eles o Previ.

De acordo com informações de petistas, os presidentes dos fundos foram orientados por Gushiken e pelo deputado José Dirceu (PT-SP) a antecipar o depoimento na CPI. Procuraram as duas CPIs e foram atendidos primeiro pela do Mensalão, o que causou ciumeira na CPI dos Correios.

Parlamentares das duas CPIs suspeitam que os fundos estejam envolvidos no esquema de corrupção montado pelo PT, cujo dinheiro era distribuído pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza a partir do BMG e do Rural. "Nunca existiu empréstimo. Os fundos eram utilizados para esquentar o dinheiro de Valério, através da rentabilidade dos dividendos das aplicações que faziam no Rural e no BMG", disse o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).