Título: Genro do deputado admite ter assediado dirigentes de estatais
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2005, Nacional, p. A5

BRASÍLIA - O genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Marcos Vinícius Vasconcelos Ferreira, relatou ontem à CPI dos Correios três episódios em que procurou diretores e gerentes de estatais indicados pelo PTB para pedir ajuda a amigos. Em uma dessas tentativas - todas frustradas, segundo ele -, Marcos Vinícius recorreu a Maurício Marinho, demitido dos Correios depois de flagrado recebendo propina de R$ 3 mil. Noutra, pediu ajuda ao Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), no qual o PTB também tinha grande influência. Marcos Vinícius foi apontado por Marinho como "os olhos e os ouvidos" de Jefferson nos Correios, onde o deputado supostamente comandaria esquema de corrupção e fraudes. O genro disse que, "pelo parentesco com o deputado", pode ter dado impressão de ter mais poderes do que realmente tem.

Marcos Vinícius contou que, nos dois últimos anos, esteve "entre oito e dez vezes" na sede dos Correios, mas sempre para tratar "de política" com o ex-diretor de Administração Antônio Osório, dirigente do PTB e indicado pelo partido para o cargo. Segundo ele, Osório sugeriu que procurasse Marinho quando tentava atender a pedido do "amigo de um amigo".

O empresário, identificado apenas como César, tinha recurso administrativo nos Correios contra o resultado de um leilão para prestação de serviços. César representava a empresa Canon, que tinha perdido a disputa para Xerox. "Depois, soube que o pedido não foi aceito e os Correios ficaram mesmo com a Xerox", contou Marcos Vinícius.

Na segunda vez, ele recorreu ao assessor de Osório, Fernando Godoy, para pleitear patrocínio dos Correios para equipe de corrida "do filho de um amigo", mas disse que lhe responderam que o projeto "não tinha viabilidade". O genro de Jefferson ainda recorreu ao IRB, onde há suspeita de que o deputado tivesse esquema montado pelo empresário Henrique Brandão. Por fim, Marcos Vinícius contou que, em maio passado, procurou o então diretor técnico do IRB, Carlos Barbosa de Lima, para pedir colaboração para o "projeto musical" de um amigo chamado Steve, mas também não foi atendido.