Título: Presidente do PL diz agora que dinheiro era da SMPB
Autor: Diego Escosteguy
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2005, Nacional, p. A6

BRASÍLIA - Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o ex-deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP) retificou o que tinha dito na véspera à CPI do Mensalão sobre a origem do dinheiro que recebera do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. À CPI, Costa Neto afirmou que 80% dos recursos teriam vindo da agência de publicidade SMPB, de Marcos Valério. Ele disse desconhecer a origem dos 20% restantes, pois teriam sido pagos em dinheiro vivo. Ontem, se corrigiu: "Todo o dinheiro foi da SMPB. Os R$ 6,5 milhões que pagaram para mim vieram da SMPB." Ele justificou a demora para explicar a origem do dinheiro. "Não sou delator", disse. "Quando precisava do dinheiro para pagar as contas de campanha que assumi, procurava o Delúbio (Soares, ex-tesoureiro do PT). Não quis partir na frente."

Costa Neto falou ao conselho no processo contra Roberto Jefferson (PTB-RJ) - ele é autor do pedido de cassação do petebista. O Conselho de Ética agiu rápido para evitar que Jefferson aproveitasse brecha legal para tentar anular o processo. Costa Neto foi às pressas depor, depois de a sessão já ter sido cancelada, para cumprir ritos processuais de confirmar sua intenção de continuar com o pedido de cassação. O presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), já dispensara seu depoimento quando a assessoria jurídica o alertou da necessidade de Costa Neto ser questionado pela defesa de Jefferson. Além disso, teria de confirmar o depoimento da véspera à CPI do Mensalão. Se os ritos não fossem cumpridos, Jefferson poderia recorrer ao Supremo Tribunal Federal se fosse cassado.

TAIWAN

O conselho enfrentou outro contratempo. Sem ser convidada e provocando constrangimentos, a ex-mulher de Costa Neto decidiu participar da reunião para entregar o convite do almoço em que esteve com ele, em Taiwan. Maria Christina Mendes Caldeira chegou puxando uma mala de rodinhas e protagonizou um tumulto. Sentada na bancada de deputados, ajeitando os cabelos e posando para fotógrafos, insistia em entregar pessoalmente o documento a Izar. "Eu posso ir lá em cima no palco?", queria saber, referindo-se à mesa dos trabalhos.

Izar vetou e foi buscar o papel. "Ela veio de maneira desnecessária. Talvez o que ela queria era promover o programa de TV dela", criticou. Mais tarde, Izar impediu sua presença na sala. Àquela altura, Maria Christina já havia distribuído camisetas da ONG Bem Querer, de defesa da mulher. "Minha mala não tem mensalão, só tem camisetas", dizia.