Título: Buratti fez mais ligações para Palocci
Autor: Adriana Fernandes e Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2005, Nacional, p. A7
BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda foi obrigado ontem à noite a dar novas explicações sobre telefonemas do advogado Rogério Buratti ao ministro Antonio Palocci. A CPI dos Bingos recebeu nova leva de registros telefônicos que revelaram que, entre os meses de janeiro e agosto de 2003, Buratti acionou com freqüência os números do ministro em sua residência, na Península dos Ministros, em Brasília. No levantamento feito pela companhia Intelig, segundo integrantes da CPI, aparecem seis telefonemas de Buratti para o número da casa de Palocci que, somados, resultam em mais de 28 minutos de conversa. Integrantes da CPI chegaram também a computar um número de telefone celular como sendo de Palocci, que também recebeu ligações de Buratti. Mas, segundo a assessoria da Fazenda, o celular de número 8111.7107, investigado pela CPI, não é de Palocci, mas de seu assessor especial Ademirson Ariovaldo Silva.
A assessoria informou que o assessor usa esse celular desde a época da transição de governo, logo depois da eleição do presidente Lula. Os assessores do ministro, no entanto, não fizeram nenhum comentário nem deram explicações sobre os telefonemas feitos por Buratti para a casa de Palocci.
TEMPO
Ao todo, a CPI encontrou seis ligações de Buratti para a casa de Palocci em Brasília. Quatro delas ocorreram no dia 24 de janeiro de 2003, pouco tempo depois da posse de Lula e da entrada de Palocci no comando do ministério. A primeira ligação ocorreu às 13h34 e durou 14 minutos e 49 segundos.
No mesmo dia ocorreram outros três telefonemas para a casa de Palocci. Um deles, às 15h56, teve duração de 6 minutos. Outro, às 16h18, durou cerca de 3 minutos. E o último às 16h23, durou 2 minutos. Segundo a CPI dos Bingos, Buratti só volta a ligar para a casa do ministro de novo no dia 6 de julho de 2003. São duas ligações. A primeira aconteceu às 10h56, com duração de 1 minuto e 40 segundos. A segunda, feita no mesmo dia, às 16h14, teve apenas 44 segundos.
Buratti foi assessor de Palocci quando este era prefeito de Ribeirão Preto. A CPI dos Bingos já havia detectado que o número da casa do ministro era o quinto mais acionado por ele quando o Ministério Público de São Paulo enviou à comissão os primeiros resultados da quebra de sigilo telefônico. O chefe de gabinete de Palocci, Juscelino Dourado, também aparecia na lista dos mais procurados, que era encabeçada por Jeanne Mary Corner, conhecida cafetina de Brasília.
Na ocasião, a assessoria do ministro distribuiu nota em que admitia os contatos. Mas Palocci disse que poderia ter conversado por telefone apenas "uma vez ou outra" com Buratti. Acrescentou que não lembrava do assunto e os "dois ou três telefonemas" de Buratti teriam sido apenas "tentativas de contato que não prosperaram".