Título: Ele fez de tudo para adiar depoimento
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2005, Nacional, p. A8

VAI, NÃO VAI: A presença de Rogério Buratti na CPI dos Bingos - ele deve aparecer por volta de 11h30 - só foi definida, ontem, depois de uma longa queda de braço entre médicos, advogados e políticos, em Brasília e São Paulo. Primeiro, o advogado de Buratti, Roberto Telhada, exibiu um atestado médico, assinado pela cardiologista Regina Aparecida Magela, que considerava seu cliente sem condições de depor. O atestado dizia que o paciente "deverá evitar situação de estresse físico e psíquico até a reavaliação (do seu estado), que deverá ser realizada na próxima segunda-feria ou antes, se necessário". A cardiologista dizia ter detectado em Buratti "um quadro de ansiedade generalizada, mais alteração de comportamento (com agressividade), mais sintomas psicossomáticos, com síndrome musculares, palpitação e crise de hipertenssão". Pouco disposto a ceder, o presidente da CPI, Efraim Morais (PL-PB) decidiu mandar a São Paulo uma equipe de três médicos e uma enfermeira do Senado, para checar a veracidade do atestado. Chegou a mencionar que enviaria junto agentes federais. Uma hora depois, Telhada anunciou, enfim, que seu cliente iria depor. Para os senadores, no entanto, não será surpresa se Buratti tentar fugir das perguntas forjando um comportamento desequilibrado. A possibilidade foi aventada com base no que ouviram de seu advogado. "Ele disse que, psicologicamente abalado, Buratti está com dificuldade para se expressar", informaram. Buratti falará seis dias depois de ter acusado o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de receber propina para o PT, de R$ 50 mil por mês, nos dois anos do seu segundo mandato na prefeitura de Ribeirão.