Título: Oposição avalia se CPI deve investigar Luis Favre
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2005, Nacional, p. A11

BRASÍLIA - O PSDB e o PFL vão decidir na próxima segunda-feira, em reunião conjunta, que posição será tomada sobre a denúncia contra Luis Favre, marido da ex-prefeita Marta Suplicy, acusado de ser operador de movimentação ilegal de dinheiro no exterior. A idéia do PSDB é pressionar para que a CPI dos Correios convoque o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, para que confirme ou não as denúncias que fizera contra Favre. Se confirmadas, seria inevitável a convocação de Favre. O PT, por sua vez, ainda está em silêncio e o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse que ninguém o procurou para tratar da denúncia. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), já levou o assunto ao plenário da Casa e disse que vai insistir na investigação.

Segundo informações atribuídas ao doleiro, que está preso por sonegação fiscal e evasão de divisas, Favre seria Felipe Belizário Wermus, que usava passaportes argentino e francês, para fazer a movimentação do dinheiro por caminhos que passavam por Luxemburgo, Ilhas Cayman, Panamá e Nova York.

A denúncia do esquema foi publicada domingo no jornal Correio Braziliense, para quem Belizário operava em contas-ônibus; e, por intermédio de quatro bancos de Miami, eram passadas ordens de crédito para o MTB de Nova York de integrantes do PT como o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o deputado José Dirceu e o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho. Apesar da nota de Luis Favre afirmando que a matéria é "mentirosa, fantasiosa e difamatória", a oposição não desistiu ontem de aprofundar a investigação.

"Isso mete medo e é um assunto gravíssimo e estarrecedor", disse Virgílio. Segundo o senador, a obrigação dos governistas é pôr número no plenário da CPI dos Correios e impedir a convocação de Barcelona ou de Favre. Para Virgílio, governistas desqualificam o doleiro para evitar sua convocação. Mas, mesmo entre aliados do Planalto, dificilmente será possível evitar a convocação do doleiro, sobretudo se confirmar a divulgação de novas denúncias pela imprensa no próximo fim de semana.

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), prometeu analisar as denúncias e depois se pronunciar sobre o suposto envolvimento de Favre no esquema. O que mais impressionou a oposição foi o detalhe e a sofisticação do suposto esquema, envolvendo as mesmas empresas que pagavam ao publicitário Duda Mendonça. "Favre deveria ser um operador qualificado no exterior", afirmou o líder do PFL, senador José Agripino (RN). "Todas essas coisas são megabomba", disse.