Título: 'Porta-voz das Farc' é preso em SP
Autor: Vannildo Mendes e Neri Vitor Eich
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2005, Internacional, p. A15

BRASÍLIA - A Polícia Federal informou ontem à noite que prendeu em São Paulo, no final da tarde, o ex-padre Francisco Antonio Cadenas Collazzos, também conhecido como Olivério Medina, acusado pelo governo colombiano de ligação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e de "prática de homicídio com fins terroristas". A prisão preventiva de Cadenas, para que seja extraditado, havia sido solicitada pelo governo colombiano ao Supremo Tribunal Federal do Brasil e decretada pelo ministro do STF Gilmar Mendes. Em São Paulo, segundo informação da Polícia Federal, Cadenas está sob custódia da Superintendência Regional da PF, à disposição do Supremo Tribunal Federal, que tomará a decisão sobre sua extradição. A Polícia Federal informou também que seus agentes prenderam Cadenas agindo em cooperação policial internacional e representando a Interpol no Brasil.

Cadenas, de 58 anos, tido como porta-voz das Farc no Brasil, já havia sido detido no País em 2000, quando seu visto venceu. Naquela ocasião, as Farc reconheceram que "Olivério Medina" era seu "embaixador" no Brasil.

Embora o comunicado da PF não tenha informado as circunstãncias da prisão de Cadenas, o chefe da polícia colombiana, general Jorge Daniel, disse que ele foi detido numa estação rodoviária.

O comunicado da Polícia Federal foi divulgado depois de o presidente colombiano, Álvaro Uribe, ter anunciado, durante visita à cidade de Barranquilla, a prisão do "chefe de imprensa das Farc". Uribe referiu-se a ele, porém, como "padre Camilo López", lembrando que atuou como porta-voz do grupo guerrilheiro esquerdista durante as fracassadas negociações de paz com o governo do ex-presidente Andrés Pastrana. O governo Uribe confirmou ontem seu pedido para a extradição do detido.

MASSACRE

Ainda ontem, rebeldes das Farc mataram pelo menos 12 camponeses que cultivavam coca perto de Taraza e Valdivia, no noroeste da Colômbia, informou o governo do Departamento de Antioquia. As Farc, financiadas em grande parte pelo tráfico de cocaína, costumam matar camponeses que se negam a cooperar com o grupo ou trabalham para forças adversárias.