Título: Quatro assessores montam plano de defesa
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/08/2005, Nacional, p. A6

BRASÍLIA - Por causa da ameaça de cassação, todos os dias Dirceu trava uma batalha política. "Ligo para as pessoas, falo para elas que não tenho culpa. Converso todos os dias com o Mercadante (Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado), com meus advogados, com o Arlindo Chinaglia (líder do governo na Câmara). Falo de minhas preocupações com o PT, o futuro do partido, o Brasil, o governo. Estou preparado para a guerra." Dirceu de fato se preparou para uma longa batalha em defesa de seu mandato. Para auxiliá-lo contra o processo de cassação, que já corre no Conselho de Ética, ele levou para o gabinete parlamentar quatro assessores de confiança dos tempos em que, na Casa Civil, era o mais poderoso ministro do presidente Lula. O bunker de Dirceu fica no 9.º andar do Anexo 4 da Câmara.

Os ex-servidores da Casa Civil foram nomeados para o gabinete porque Dirceu necessita da ajuda deles para recuperar a memória de sua passagem pelo 4.º andar do Palácio do Planalto, seus encontros e suas viagens, tudo nos mínimos detalhes.

Um dos funcionários conta que o trabalho é dobrado porque Dirceu sofre carga tanto da oposição quanto de dentro do governo e do PT.

Na montagem do seu exército particular para a luta em defesa do mandato, Dirceu nomeou, da Casa Civil, Hélio da Silva Madalena, que o acompanha desde os mandatos anteriores. Ao assumir o Gabinete Civil, Dirceu convidou Silva Madalena para o cargo de diretor-geral do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), que centraliza todo o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), o gigantesco complexo tecnológico constituído de radares fixos, aviões-radares, antenas parabólicas e redes de cabos ópticos.

A busca da memória dos telefonemas, das audiências, das viagens e dos encontros de Dirceu foi entregue a Daisy Aparecida Barreta, chefe de gabinete do deputado quando ele foi ministro. Nessa missão, Daisy chega a trabalhar até 18 horas por dia.

Dirceu levou também para seu gabinete o jornalista Ralph Lima, seu ex-assessor de imprensa na Casa Civil. Mas não se contentou só com um.

Contratou também o jornalista Nelson Breve, que trabalhava na Confederação Nacional da Indústria (CNI) e que é o encarregado dos contatos com a imprensa.

Swedenberger Barbosa, ex-secretário-executivo da Casa Civil (o sub de Dirceu, quando este era ministro), também foi levado para o gabinete do deputado petista.

Mas o reforço poderá sofrer uma baixa. O presidente Lula já conversou com Berger - como é conhecido o ex-secretário-executivo - para que ele volte ao governo.

De acordo com informações do gabinete de Dirceu, Berger considera que sua missão foi encerrada, porque tudo o que ele tinha de levantar para ajudar Dirceu já está pronto.