Título: Israel volta a ser alvo do terror
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Fonte: O Estado de São Paulo, 29/08/2005, Internacional, p. A9
Primeiro atentado de homem-bomba palestino após retirada da Faixa de Gaza fere pelo menos 10 pessoas
Um terrorista suicida palestino explodiu-se ontem de manhã no principal terminal de ônibus da cidade israelense de Be'er Sheva, no sul do país, no primeiro atentado extremista após a retirada total de 21 assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e de 4 da Cisjordânia. O ataque causou ferimentos em pelo menos dez pessoas, duas das quais estão em estado grave. Os grupos radicais Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa - ligado à facção política palestina majoritária Fatah - e Jihad Islâmica reivindicaram a autoria do atentado e identificaram o atacante suicida como Alaa Zaaki, de 25 anos, nascido na Cisjordânia. O ataque teria sido uma vingança pela morte de cinco ativistas palestinos ligados à Jihad Islâmica por soldados de Israel em Tulkarem, na quarta-feira.
Segundo fontes policiais, o suicida ativou os explosivos quando os guardas se aproximavam para detê-lo, depois de alertados pelo motorista de um ônibus que desconfiou da atitude do homem-bomba.
Um porta-voz da Jihad Islâmica, Abu Abdullah, disse que a facção "continua comprometida com o período de calma", anunciado em março após acordo com o governo do primeiro-ministro palestino, Mahmud Abbas, que deve vigorar até o fim do ano. "Mas a calma tem sido golpeada pelas violações sionistas", disse, aparentemente referindo-se à operação do Exército israelense em Tulkarem. "Sempre quando eles nos ferirem, nossa reação será como a de um terremoto."
Abbas condenou em duros termos o ataque, que classificou de "terrorista", por meio de um comunicado distribuído pela agência de notícias oficial da Autoridade Palestina. Mas também criticou a morte dos ativistas em Tulkarem, qualificando-a de "provocação".
Ao receber a notícia do atentado em Beer Sheva, vários ministros israelenses aconselharam o primeiro-ministro Ariel Sharon a dar início, "no menor prazo possível à construção da cerca de segurança" ao sul da Cisjordânia.
Eles se referiam aos trechos ainda não construídos no sul da Cisjordânia para impedir a entrada de palestinos a partir do distrito de Hebron, cidade santa para judeus e muçulmanos, de onde teria chegado o suicida de Beer Sheva, segundo fontes policiais. Os palestinos acusam Israel de não respeitar as fronteiras que vigoravam antes da guerra de 1967 e de apropriar-se de suas terras com a construção do muro.
O ataque em Be'er Sheva não afetou a decisão do governo israelense de completar a retirada militar da Faixa de Gaza após a retirada dos colonos. O governo de Ariel Sharon aprovou ontem o Acordo de Filadélfia, com o Egito, destinado a impedir o contrabando de armas e explosivos para os grupos palestinos por túneis sob o Corredor Filadélfia - rodovia ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza.
O acordo foi aprovado por ampla maioria numa sessão extraordinária do Parlamento (Knesset). BR