Título: Planos para conter chineses
Autor: Vera Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/08/2005, Economia & Negócios, p. B10

A indústria nacional de brinquedos, para enfrentar os importados, sobretudo os da China, promete agir em dois planos diferentes e complementares. O primeiro, pedir ao governo mais proteção e maior combate à pirataria; o segundo, investir em tecnologia para atingir a criança de hoje, que está mais próxima da internet, dos videogames e dos celulares. No próximo ano, a alíquota de 30%, que inibe a entrada de brinquedos importados no País, cairá para 23%. A indústria nacional não vai pedir a prorrogação de prazo, mas um novo instrumento, desta vez localizado, tendo como alvo a China. A idéia, diz o presidente da Estrela e do Conselho da Fundação Associação Brasileira de Brinquedos (Abrinq), Carlos Tilkian, é pedir uma política de cotas, que limite a entrada de brinquedos que tiram o sono do empresário e o emprego de brasileiros. Outra sugestão é seguir o modelo usado pela União Européia, de determinar a entrada de um produto por porto específico, onde o controle possa ser mais rigoroso. Neste caso, o porto apontado pela indústria será o de Manaus, para inibir a facilidade de acesso dos contrabandeados e importados no Sudeste.

No plano da tecnologia, Tilkian diz que a indústria, particularmente a Estrela, tem procurado, por meio de licenciamentos, agregar aos produtos o que há de mais moderno. Ela fez um acordo com a operadora de celular Vivo para poder aliar aparelhos celulares de brinquedo à boneca Bruna Bate-Papo. Um celular fica com a boneca e outro com a menina. São 50 falas gravadas com 4 combinações diferentes.

A Estrela também está produzindo videogames com jogos licenciados como o do Bob Esponja, além de ter levado a tecnologia digital ao autorama, onde a criança pode acompanhar a velocidade das voltas dos carros e verificar quem foram os vencedores. No terreno das bonecas, a Susi ganhou novas versões. Só que, ao contrário da Mattel, que licenciou a sua Barbie para iPod, walkman, minicomputadores e até moda adulta, para manter viva a boneca, a Estrela ainda não conseguiu ampliar a presença de Susi em outros segmentos.

Mas Tilkian diz estar atento a todas as inovações do mercado global, uma delas o ursinho Bartô, que se mexe, sente cócegas e tem 30 falas diferentes gravadas, ditas de acordo com o lugar em que a criança o aperta. Outra é a linha Pim Pam Pum, de brinquedos educativos, entre eles os que tocam músicas, incluindo clássicos, e os que têm alfabeto. "São brinquedos que traduzem o que faz sucesso na Europa", diz Tilkian, que avalia que brinquedos cartonados, que juntam as pessoas, como o Banco Imobiliário, nunca vão perder a vez, nem com internet e celulares.