Título: Modelo morta vira alvo de investigação no Congresso
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2005, Nacional, p. A9

O Ministério Público Estadual de Minas encaminhou ontem cópias de depoimentos de familiares da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, encontrada morta em agosto de 2000, em Belo Horizonte, para a CPI dos Correios e a Procuradoria-Geral da República. Nas últimas semanas, em depoimento ao promotor Francisco Assis Santiago, a mãe e três irmãos de Cristiana confirmaram que a modelo transportava freqüentemente "malas suspeitas" para São Paulo e Brasília. Diante das recentes denúncias de financiamento ilegal de campanhas políticas, o Ministério Público julgou importante colher os novos depoimentos, já que "surgiram informações de que o esquema de transporte de valores desviados existia desde 1998". "Havia uma vinculação política nesse comportamento da Cristiana", comentou o promotor, lembrando que a modelo mantinha contatos com diversas autoridades políticas de Minas.

De acordo com Santiago, familiares suspeitam que Cristiana transportava "documentos de altíssima importância" ou dinheiro. Pouco antes de morrer, a modelo apresentava sinais de súbito enriquecimento e disse aos parentes que havia ganhado R$ 1,3 milhão de políticos.

O promotor sugeriu ao procurador-geral de Justiça de Minas, Jarbas Soares Júnior, a quebra do sigilo bancário de Cristiana.

Depois de analisar os depoimentos, o procurador-geral determinou o envio dos documentos ao presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), ao procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, e à Promotoria de Patrimônio Público de Belo Horizonte.

A suspeita de ligação entre as denúncias surgidas após o escândalo do suposto mensalão e o caso da modelo vinha sendo denunciada pelo advogado Rui Caldas Pimenta, que representa a família de Cristiana e atualmente defende a ex-secretária da SMPB Comunicação Fernanda Karina Somaggio.

CRIME

Cristiana, então com 24 anos, foi encontrada morta em 06 de agosto de 2000, três dias depois de se hospedar no San Francisco Flat Service. Na época, o laudo da Polícia Civil concluiu que ela teria se suicidado com veneno para matar ratos. O MP decidiu reabrir as investigações em novembro de 2002 e concluiu que a modelo foi assassinada. O detetive particular Reinaldo Pacífico foi denunciado como autor.

O corpo foi exumado e um novo laudo do Departamento de Medicina Legal da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que ela foi agredida antes de ser assassinada e apresentava sinais de morte por asfixia.