Título: Crise aumenta ineficiência do governo Lula, diz Alckmin
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2005, Nacional, p. A11

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que a crise política piora um quadro que já era de baixa eficiência do governo federal. Segundo o governador, o momento político paralisa qualquer possibilidade de se dar andamento às reformas estruturais para remover os gargalos logísticos que limitam o crescimento econômico. Alckmin reiterou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva já registrava um nível de ação "muito pequeno". "Com baixa eficiência, que é a palavra-chave do mundo moderno."

Em discurso para empresários do agronegócio, na conferência Agro-Brasil 2005, o governador paulista praticamente só falou de questões federais. Defendeu a reforma da Previdência e um choque de gestão no governo federal, "fechando as torneiras do desperdício".

Alckmin também atacou os juros altos "incompreensíveis" e defendeu a importância dos investimentos na área de infra-estrutura que, segundo ele, estão paralisados por conta da inadequada qualidade dos altos gastos do governo.

O governador criticou a posição do Brasil nas negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Segundo ele, o governo brasileiro se retirou das negociações e os Estados Unidos partiram para acordos bilaterais com os outros países da região. "A hora em que acordarmos, estaremos isolados no continente."

Ele reiterou a importância de o governo federal fazer um choque de gestão para melhorar a qualidade do gasto público e as reformas estruturais. "Caso contrário, perderemos a oportunidade de ter um crescimento de renda e trabalho." O governador de São Paulo defendeu ainda a criação de um fundo federal que viabilize o seguro rural. "Não podemos ficar eternamente dependendo de cada momento político para ter recursos para a agricultura."

Alckmin disse também não ter dúvidas de que o governador de Minas, Aécio Neves, continuará no PSDB. A afirmação foi uma resposta a informações que circularam no fim de semana, segundo as quais Aécio teria sido convidado para disputar as eleições presidenciais de 2006 pelo PMDB. "O Aécio é de uma plumagem tucana extraordinária. Não vejo hipótese de ele sair da legenda." De acordo com o governador paulista, Aécio é uma das grandes lideranças do PSDB e tem todas as condições para sair candidato à presidência pelo próprio PSDB. Alckmin disse ainda não ter dúvidas de que, pelos seus méritos, Aécio pode ser "namorado" por muitos partidos. Ele se reuniu com Aécio Neves pela última vez há uma semana.