Título: Nem todas as colônias ficarão, diz Sharon
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2005, Internacional, p. A13

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, declarou ontem que nem todas as colônias da Cisjordânia serão mantidas após um futuro acordo de paz com os palestinos. E ssa não é a primeira vez que Sharon faz tal afirmação, mas a repetição dessa mensagem teve importância por causa das circunstâncias. Em entrevista à TV israelense, Sharon reafirmou que os principais blocos de assentamentos do território continuarão sob soberania israelense, mas que "nem todos os assentamentos da hoje na Judéia e Samaria (Cisjordânia) permanecerão". Isso aconteceu menos de uma semana depois da retirada de todos os 21 assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e de 4 da Cisjordânia e no dia seguinte a um ataque com homem-bomba que feriu pelo menos dez israelenses. O primeiro-ministro afirmou ainda que não haverá uma próxima etapa de retiradas unilaterais. "Essa foi uma ação única, não haverá mais etapas", assegurou. Na mesma entrevista, Sharon lançou seu mais forte ataque público ao rival Binyamin Bibi Netanyahu, que, de acordo com as últimas pesquisas, pode removê-lo da liderança de seu partido, o Likud. "Netanyahu sente a pressão. Em qualquer situação de estresse, entra imediatamente em pânico e perde o controle", disse Sharon.

Bibi renunciou ao cargo de ministro das Finanças dias antes do início da operação de retirada dos assentamentos, dizendo que não poderia compactuar com a medida. Sharon disse que a atitude foi "irresponsável". Bibi, que deve anunciar oficialmente hoje sua intenção de disputar com Sharon a liderança do Likud, não respondeu imediatamente às declarações do primeiro-ministro.

Pressionado pela comunidade internacional e, principalmente, pelos EUA para conter os grupos extremistas, o presidente palestino, Mahmud Abbas, pediu ontem ao representante de Política Externa da União Européia, Javier Solana, que exerça sua influência para convencer Israel a retomar o plano de paz conhecido como 'mapa da estrada'.

No Arizona, o presidente americano, George W. Bush, elogiou ontem a retirada das colônias israelenses e, ao mesmo tempo, pediu a Abbas "coragem política" na luta contra as organizações radicais.

"Este é o momento para que os palestinos e seu líder, Abbas, demonstrem a coragem política para rejeitarem a violência, rejeitarem o terrorismo e tomarem a decisão de construir a democracia", declarou Bush.

Também ontem, as forças de segurança de Israel detiveram um palestino de 14 anos com três cilindros metálicos cheios de explosivos.