Título: Irmão nega favorecimento
Autor: Rosa Costa e Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2005, Nacional, p. A11

RIBEIRÃO PRETO - O médico Pedro Antonio Palocci qualificou de "irresponsável" a menção feita pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) aos negócios de sua família em Ribeirão Preto, durante o depoimento de Rogério Buratti na CPI dos Bingos. Dias perguntou o que o ex-assessor do ministro Antonio Palocci sabia sobre a suposta participação de seu irmão Pedro em hospitais da cidade. A pergunta ficou no ar. Mas documentos da Junta Comercial obtidos pelo Estado mostram que Pedro Palocci tem participação expressiva nos negócios de saúde em Ribeirão. Ele é presidente do Hospital São Lucas S/A, um dos mais sofisticados da região; também é sócio da São Lucas Ribeirão Preto Empreendimentos, Participações e Serviços Ltda.

"O Hospital São Lucas é uma sociedade anônima composta de mais de 2 mil acionistas, cujo controle acionário foi adquirido em 1998, muito antes de o ministro Antonio Palocci tomar posse, por um grupo de 80 médicos, entre os quais eu me incluo", disse Pedro. Tempos depois as ações do hospital e das empresas Multilav passaram a pertencer a uma holding presidida por Pedro Palocci.

Para rebater as insinuações do senador, ele alega que o São Lucas não fez negócios com agentes financeiros oficiais. Mas ao Estado Pedro admitiu que detém 99% no Centro de Vacinação Integrada de Ribeirão Preto (Cevirp); 50% no São Lucas Riberânia Diagnósticos Ltda.; e outros 50% no Alô Doutor São Paulo Tecnologia em Serviços de Saúde Ltda. E confirmou que também é sócio no SLR-PM Serviços Médicos e Hospitalares Ltda. e na Multilav Lavanderia Ltda, explicando que são "sociedades coligadas".

Seu irmão ministro não tem participação nas empresas, garante. Pedro Palocci é sócio do também médico Roberto Marziale na lavanderia e na Associação Médica de Assistência à Saúde (Amas), uma sociedade civil de interesse público (Oscip).

Empresas que firmam contratos com Oscips ou lhes fazem doações podem descontar o montante pago no imposto de renda. As Oscips também podem qualificar-se para firmar convênios com órgãos públicos e administrar hospitais.