Título: Devassa é ampliada e atinge 11 fundos
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2005, Nacional, p. A13

BRASÍLIA - A CPI do Mensalão aprovou ontem a quebra ampla do sigilo bancário de 11 fundos de pensão. Foi uma das decisões mais drásticas já tomadas pelas CPIs em vigor, já que a dos Correios, que na quarta-feira havia quebrado o sigilo de 3 fundos, procurou limitar sua ação às aplicações feitas por eles nos últimos 5 anos nos bancos Rural e BMG, instituições de onde saía o dinheiro que o empresário Marcos Valério distribuía ao PT e aos partidos aliados. Tiveram o sigilo bancário quebrado pela CPI do Mensalão os fundos Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa), Petros (Petrobrás), Geap (servidores públicos), Eletros (Eletrobrás), Centrus (Banco Central), Portus (Portobrás), Postalis (Correios), Serpros (Serviço de Processamento de Dados), Real Grandeza (Furnas) e Sistel (Telebrás). Eles estão sujeitos a ter suas contas vasculhadas nos últimos 5 anos em qualquer operação financeira e banco.

A CPI dos Correios, que já tinha quebrado o sigilo do Petros, Funcef e Geap, tomou a mesma atitude em relação ao Previ, Centrus, Real Grandeza, Eletros, Serpos, Postalis e Portus, com o cuidado de limitar a ação ao Rural e ao BMG.

"Tenho a informação de que o Centrus fez operações com a Guaranhuns", disse o deputado Moroni Torgan (PFL-CE). Para os integrante das duas CPIs, os fundos, que têm investimentos de mais de R$ 260 bilhões, poderiam ter desviado dividendos de suas aplicações bilionárias para as contas de Valério.

A CPI do Mensalão decidiu ouvir na quarta-feira os presidentes dos três maiores fundos: Sérgio Rosa (Previ), Guilherme Lacerda (Petros), e Wagner Pinheiro (Funcef). Anteontem, eles foram ouvidos em sessão secreta. Voltarão para falar diante das câmeras de TV, como os senadores e deputados gostam.