Título: Desemprego no País fica estável e rendimento cresce, diz IBGE
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2005, Economia & Negócios, p. B5

RIO - A taxa de desemprego ficou estável em 9,4% em julho, repetindo o resultado de junho. Apesar da forte queda em relação a julho de 2004 (11,2%), o gerente da pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo Pereira, considerou o desempenho do mercado de trabalho uma "decepção". Segundo ele, a reação do emprego "desacelerou" no início do segundo semestre porque as altas taxas de juros estão inibindo as contratações. Já o rendimento médio real dos trabalhadores cresceu tanto na comparação com o mês anterior (2,5%) quanto com julho de 2004 (1,6%), embalado pelos efeitos do reajuste do salário mínimo e da queda na inflação.

Outro dado positivo da pesquisa foi a queda da informalidade. Julho foi o sexto mês consecutivo em que o número de ocupados com carteira cresceu acima dos informais. O número de empregados sem carteira teve variação zero ante igual mês do ano passado pelo segundo mês consecutivo e pequena queda (0,3%, também a segunda consecutiva) ante junho.

Os ocupados por conta própria, também considerados informais pelo IBGE, apresentaram redução ante julho de 2004 (2,5%) e junho (0,3%). Do lado formal, o número de empregados com carteira caiu comparado a junho (0,5%) mas cresceu ante julho de 2004 (5,5%).

Apesar desses sinais positivos, Pereira disse que esperava uma aceleração no crescimento do número de ocupados e queda na taxa de desemprego, que tradicionalmente começa a se acentuar no início do segundo semestre. Ele atribui aos juros altos o "cenário de incerteza" que inibe os empresários a investir em novas contratações.

O número de ocupados chegou a 19,8 milhões nas seis regiões, praticamente estável (-0,1%) em relação a junho. Enquanto isso, o número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) cresceu 0,5% ante o mês anterior, apesar da queda de 15,6% em relação a julho de 2004, e ainda totaliza 2,06 milhões de pessoas.

Para Marcelo de Ávila, analista de mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), os dados de julho podem indicar uma perda de fôlego na criação de novas vagas, mas será preciso aguardar os dados de agosto e setembro para confirmar a tendência. Ávila sublinhou também dados positivos, como o aumento do rendimento e a queda da formalidade. Ele destacou que o crescimento de 2,5% na renda média real em julho ante junho foi a segunda maior variação da série histórica da pesquisa nesse indicador, só perdendo para maio de 2005.