Título: Varig estuda prêmio pela recuperação
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2005, Economia & Negócios, p. B20

RIO - O conselho de administração da Varig vai receber um prêmio pela reestruturação da companhia. A forma de pagamento está sendo definida, mas é certo que será uma porcentagem sobre o valor total de uma eventual negociação de venda da empresa, conta o advogado Daltro Borges, do escritório Sérgio Bermudes, contratado para a recuperação judicial. Havia uma cláusula firmada num primeiro contrato com a Fundação Ruben Berta, controladora da Varig, que previa um prêmio de 5% sobre o valor total da reestruturação, mas que perdeu a validade. Esse bônus estava previsto quando a TAP negociava a compra da empresa antes da recuperação judicial, acatada pela Justiça do Rio no dia 17 de junho, mas o negócio não foi para a frente.

Os advogados da Varig elaboram um novo contrato que definirá o prêmio aos 4 membros do conselho - que tem 8 integrantes - contratados em maio: o presidente David Zylbersztajn, o presidente-executivo da companhia e conselheiro Omar Carneiro da Cunha, Eleazar de Carvalho e Marcos Azambuja. O documento deverá estar pronto até 12 de setembro, data-limite para a apresentação do plano de reestruturação aos credores e à Justiça.

Na época das negociações entre TAP e Varig, o valor que estava sendo negociado era de cerca de 300 milhões, o que daria um bônus de 15 milhões (R$ 45 milhões) aos executivos, ou 3,75 milhões (R$ 11,25 milhões) para cada um. O advogado negou que o prêmio seria pago sobre a venda de qualquer ativo que fosse negociado, conforme rumores do mercado.

"Os quatro conselheiros são profissionais do mercado. Eles ganham o mesmo que outros conselheiros, entre R$ 5 mil e R$ 7 mil (por mês). Considero esse valor não suficiente. Uma coisa é ser do conselho e ir periodicamente à empresa, outra é trabalhar 24 horas por dia nesse assunto (reestruturação)", diz Borges. O administrador judicial da Varig, o advogado João Vianna, encaminhou, no último dia 3, petição à Justiça do Rio solicitando a apresentação do contrato firmado com a Fundação Ruben Berta.