Título: Mensal ou não, ação existiu, diz Abi-Ackel
Autor: Eugênia Lopes e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2005, Nacional, p. A4

O relator da CPI do Mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), afirmou ontem que já está provado que houve pagamentos irregulares a partidos e a deputados. "Alguns receberam em uma parcela; outros, em mais de uma", disse ele. Mesmo que não se configure a mesada mensal para que parlamentares do PT e da base aliada votassem a favor de projetos de interesse do governo, prosseguiu, já está configurado que houve crime. "Não muda a natureza do crime. O repasse irregular está provado", disse.

Abi-Ackel é dos que acham que a palavra "mensalão" foi inventada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), quando denunciou a existência de um esquema de corrupção no governo, que atingia o Congresso. "O Roberto Jefferson criou essa história de mensalão e a imprensa a comprou. Os repasses aconteceram, mas não conseguimos ainda chegar à conclusão de que foram mensais", explicou o relator.

Ele está impressionado ainda com o que aconteceu com o PT, que preferiu fazer os repasses individualmente, o que deixou os parlamentares do partido enfraquecidos. No PP, PL e PTB, o dinheiro era entregue a apenas uma pessoa, que fazia ou não a distribuição. Roberto Jefferson deu duas versões para os R$ 4 milhões que recebeu. Numa, disse que não repassou nada e guardou o dinheiro no cofre. Noutra, que distribuiu o dinheiro.

O ex-deputado Valdemar Costa Neto, que recebeu em nome do PL, disse que pegou R$ 6,5 milhões e pagou contas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No PP ainda não se sabe o que aconteceu com R$ 4 milhões, porque a CPI ainda não ouviu João Cláudio Genu, que recebia o dinheiro e o repassava para o líder José Janene (PR) e ao presidente, Pedro Corrêa (PE).