Título: Os principais trechos do depoimento de Batista à CPI
Autor: João Domingos e Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2005, Nacional, p. A8

DINHEIRO: "No ano de 2002, para colaborar com a campanha do PT e sua coligação com o PL, operei, conforme a lei, no mercado financeiro, na Bônus-Banval e outras. A partir deste ano, quase toda semana eu levava em espécie dinheiro para os representantes da coligação com o PL, tanto que, no dia 7 de outubro de 2004, muito antes do início dessa crise, em depoimento formal prestado à CVM, já me refiro a um parlamentar do PL, o deputado Moisés Lipnic."

CONTRATO: "Em novembro de 2002, fui procurado para operar com o senhor Marcos Valério a fim de intermediar a aquisição de certificados de participação em reflorestamento até o montante de R$ 10 milhões. A prova disso é o contrato firmado entre nós dois, que estou exibindo neste ato. Naquela oportunidade, em razão do valor e do objeto da intermediação, indaguei sobre o que realmente se tratava e me foi assegurado que estaria intermediando a aquisição de certificados para poder fazer os pagamentos das dívidas de campanha do PT e sua coligação com o PL. Não vi nada de errado nisso."

TRANSFORMAÇÃO: "Não nego que recebi para prestar meus serviços, mas como qualquer trabalhador recebe salário, estava sendo remunerado de alguma forma para colaborar para a transformação do País."

DOAÇÕES: "Tinha plena convicção de que o dinheiro que foi depositado nas contas da minha empresa era totalmente lícito, fruto, talvez, da doação de brasileiros anônimos e da ajuda de entidades internacionais que sempre apoiaram o movimento trabalhador, como dizem haver ocorrido historicamente com o PT. Jamais tive a intenção de operar dinheiro sujo. Se algum erro cometi foi o de acreditar na hipnose coletiva que colocava o PT como o partido da honestidade, da ética e da transparência."

VALORES: "Quero esclarecer que a movimentação (bancária) não foi nos estratosféricos valores anunciados. Razão pela qual, aliás, tenho seriíssimas suspeitas de que o nome de minha empresa foi usado sem minha autorização em diversas oportunidades. Se houver minha assinatura ou endosso, pode ter havido falsificação."

RÉU: "Não sou político, mas sinto-me réu político por ter sido usado pelo PT em coligação com o PL, motivo pelo qual estou com medo de acabar num cárcere infecto em regime de solitária, ou pior, acabar como o querido prefeito Celso Daniel, torturado cruelmente e em seguida assassinado."

PODER: "Confirmando meu medo, pelo que eu sei, no inquérito instaurado eu fui o único até agora a ser indiciado pela Polícia Federal. Os senhores hão de concordar que existem pessoas muito mais envolvidas, e muito mais próximas do poder. Logo eu, que fui usado, até agora sou o único indiciado."