Título: Extratos bancários reforçam versão de Buratti sobre propina em Ribeirão
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2005, Nacional, p. A9

A quebra do sigilo bancário da Leão Leão, doadora de campanha do ministro Antonio Palocci, da Fazenda, mostra que no período entre 15 de janeiro de 2002 e 22 de outubro de 2003 foram sacados R$ 9,42 milhões por meio de 682 cheques da conta corrente 3636-8, agência Saudade do Banespa em Ribeirão Preto. O exame dos extratos relativos ao ano de 2002 indica saques no valor aproximado de R$ 50 mil, mês a mês, sempre no dia 15. Em dezembro foram registrados dois resgates, totalizando R$ 86,1 mil. O rastreamento ainda não chegou aos nomes dos beneficiários.

Em depoimento ao Ministério Público do Estado de São Paulo, há 11 dias, o advogado Rogério Buratti, ex-assessor de Palocci na prefeitura de Ribeirão, afirmou que o ministro recebia mesada de R$ 50 mil da Leão Leão. O dinheiro, segundo Buratti, iria para o PT. Ele atribuiu a denúncia a uma pessoa que já morreu - Ralf Barquete, que foi secretário municipal da Fazenda na gestão Palocci - e não apresentou provas documentais.

O mapeamento das contas da Leão Leão foi feito pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e chegou ontem à CPI dos Correios. Consultores técnicos que trabalham para parlamentares da oposição identificaram a movimentação referente à conta da Leão Leão 3636-8, da agência 0288.

Em 2002, foram sacados R$ 4,91 milhões. Em 2003, entre janeiro e outubro, foram R$ 4,5 milhões. Os peritos selecionaram os padrões nos saques de cheques de valores próximos a R$ 12 mil, R$ 30 mil e R$ 50 mil. Para deputados e senadores da oposição, a movimentação pode reforçar as suspeitas sobre a existência da mesada em Ribeirão. Os saques de cheques em valor próximo de R$ 50 mil somaram, em 2002, R$ 632,3 mil. Os cheques de valor aproximado de R$ 30 mil somaram R$ 398,6 mil. E os cheques de R$ 12 mil totalizaram R$ 247,6 mil.

"Todas as operações e transações comerciais da Leão Leão são transparentes e idôneas, não há nada a esconder", disse o advogado Edson Junji Torihara, do escritório Toron, Torihara e Szafir. "A Leão está à disposição do Ministério Público e da Justiça."