Título: Para Tarso, transição no PT será feita pelo caminho mais demorado e difícil
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2005, Nacional, p. A10

Após se reunir com o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, no Palácio do Planalto, o presidente interino do PT, Tarso Genro, disse que o caminho escolhido pelo Campo Majoritário para a transição no partido foi "o mais demorado, o mais longo, difícil e complicado" para a relação da legenda com a sociedade. Para Tarso, a saída do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu da chapa principal que concorre às eleições do Diretório Nacional, em setembro, tornou-se irrelevante depois que o partido escolheu fazer a transição de poder de forma negociada com os dirigentes anteriores. Ele explicou que não desejava fazer a transição dessa forma e, por isso, defendia a saída de Dirceu.

"Eu nunca disse que esse caminho seria a liquidação do partido nem um caminho desestabilizador. Apenas é um caminho mais demorado e difícil."

Indagado se considerava ter perdido a disputa com Dirceu, que se recusou a sair da chapa do Campo Majoritário, Tarso Genro respondeu que não estava fazendo "queda-de-braço" com o ex-ministro.

"É obvio que a imprensa pensa em perder e ganhar. Mas nós, que pensamos em projeto de partido, que temos uma visão de transformação, de sociedade, olhamos não o presente, mas a perspectiva do futuro. Eu e José Dirceu estamos prestando um grande serviço ao PT ao fazer um debate e deixar de maneira transparente para a nossa militância as duas visões de partido, as duas visões de direção, de transição e responsabilidades políticas que dirigentes têm sobre essa situação difícil que o partido atravessa. Sem essa discussão pública, não haverá reconstrução e não haverá refundação do PT."

Questionado sobre as críticas à sua desistência de concorrer por causa da permanência de Dirceu na chapa, disse que "essa parte do Campo Majoritário deveria ter pensado antes, não depois, porque a responsabilidade de montagem da chapa é deles".

Tarso Genro esteve no Planalto acompanhado dos presidente do PSB, Roberto Amaral, e do PCdoB, Renato Rabelo, para entregar a Jaques Wagner uma carta na qual propõem que a base de apoio do governo no Congresso aja de maneira coordenada na discussão e votação do orçamento da União para 2006. Os partidos de esquerda querem que os investimentos públicos sejam concentrados nas áreas da saúde, habitação, educação, ciência e tecnologia , infra-estrutura e gastos sociais destinados às camadas mais desfavorecidas da sociedade.