Título: Bernardo vê 'erro político'em ataque à economia
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2005, Nacional, p. A10

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que o deputado Ricardo Berzoini (SP), candidato do Campo Majoritário à presidência do PT, cometeu um "erro político" quando atacou a política econômica. Dizendo estar "perplexo" com o comentário de Berzoini - para quem o PT não aceitará que o presidente Lula seja candidato à reeleição, em 2006, com o mesmo programa econômico -, Paulo Bernardo usou até mesmo a expressão "miolo mole" para carimbar os críticos do atual modelo. "Quer dizer que vamos lançar Lula com um programa contra o governo dele? Quem diz isso só pode estar de miolo mole", provocou Bernardo. "Isso transformaria o nosso candidato à presidência, seja o presidente Lula ou qualquer outro, num nome de oposição a este governo. Não vejo como vamos nos apresentar perante a sociedade numa situação contraditória como esta."

Ao Estado, Berzoini afirmou na segunda-feira que o PT não aceitará que Lula se apresente para a reeleição com uma nova Carta ao Povo Brasileiro. No documento, preparado sob encomenda para acalmar os mercados na eleição de 2002, o então candidato se comprometia com os pilares da política econômica do governo Fernando Henrique: superávit primário das contas públicas, câmbio flutuante, meta de inflação e manutenção dos contratos.

"O governo não é um laboratório e não podemos mudar de programa assim, sem mais nem menos", insistiu Paulo Bernardo. "A política econômica tem alta credibilidade e é um dos pilares de sustentação do governo Lula. Eu acho que o PT, sim, é que está num momento de baixa credibilidade", argumentou. Antes de rebater as declarações de Berzoini, o ministro ressalvou que se manifestava como petista e integrante da chapa do Campo Majoritário.

Na semana passada, o presidente interino do PT, Tarso Genro, também pediu mudanças no rumo da economia. Mais: chamou de "rematado absurdo" a proposta de aumento do superávit primário.