Título: PIB do segundo trimestre deve ser puxado pela indústria
Autor: Sonia Racy
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2005, Economia & Negócios, p. B2

Sai hoje o PIB do segundo trimestre de 2005, a ser divulgado pelo IBGE. As apostas do mercado variam entre um crescimento de 0,8% e 1,7%, na comparação com o primeiro trimestre - cujo crescimento em relação aos três últimos meses de 2004 ficou em 0,28% -, e entre 3% e 3,8%, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo analistas ouvidos pela Agência Estado. Júlio Gomes de Almeida, do Iedi, está esperando 1% em relação ao primeiro trimestre. E a MB Associados, capitaneada por José Roberto Mendonça de Barros, acredita em crescimento de 1,4%, em termos dessazonalizados, nessa mesma relação.

O otimismo da MB se deve, segundo a consultoria, ao desempenho da indústria, que vem obtendo bons resultados por causa do setor exportador e do bom momento da venda de veículos. Um crescimento que vem sendo sancionado pela forte expansão de crédito, especialmente do consignado, e da massa real de rendimentos. "No caso da massa real de rendimentos, estamos esperando uma elevação de até 5% neste ano, por conta das baixas taxas de inflação no meio do ano e da continuidade da recuperação no nível de ocupação."

Do lado da oferta, a MB considera que o PIB deverá inverter os resultados do primeiro trimestre, quando a agricultura cresceu 4,2% e a indústria, 3,1%. A partir dos dados fechados de junho da produção industrial, espera um aumento de 5,1% no trimestre e de apenas 1,4% no caso da agricultura. Motivo? A quebra da safra na Região Sul no começo do ano, que só agora deverá ser incorporada ao PIB.

Também do lado da demanda, a consultoria espera inversão dos resultados do primeiro trimestre. O nível de investimentos deverá crescer cerca de 4,9% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. No primeiro trimestre, esse componente do PIB havia caído 3% pelo mesmo critério e, no quarto trimestre de 2004, a queda foi de 3,9%. Explicação: expansão do consumo de máquinas e equipamentos já que o outro componente dos investimentos, a construção civil, ainda não deu sinais de maior fôlego.

O fato é que o resultado será bom para parâmetros do Brasil. Mas comparado à media de outros países emergentes é simplesmente pífio.

soracy@estado.com.br

IMPRESSÃO DIGITAL

Apesar da crise política, a economia brasileira segue bem e sem sobressaltos, dentro de normalidade legal e democrática. "Acho que isso é um grande avanço e tenho convicção de que esse avanço veio para ficar", colocou, ontem, Olavo Setúbal, presidente do conselho de administração da Itaúsa, durante discurso de apresentação dos resultados da empresa na Apimec/SP.

Como destaque do setor econômico, Setúbal, que raramente fala em público, escolheu as exportações brasileiras, os índices de superávit primário e a queda crescente do desemprego. "Esses resultados indicam que o Brasil criou condições para enfrentar choques externos de forma menos volátil."

NA FRENTE

BNDES

A palestra do presidente do BNDES, Guido Mantega, ontem no Iedi impressionou pelo otimismo, marcado pela exposição de inúmeros slides positivos sobre a economia brasileira e um único listando pontos negativos. Mantega terminou dizendo que a crise política está no fim. Mesmo sem concordar com essa visão, os empresários gostaram da exposição, segundo conta Julio Gomes de Almeida, economista do instituto, contando que o ministro foi muito elogiado por sua postura ética.

Dos empresários, saíram pedidos sobre uma ajuda do BNDES como forma de compensar o atual valor do dólar.

BNDES 2

Vale lembrar aqui que a GM já propôs ao BNDES uma forma de compensação sobre a taxa de câmbio: um financiamento a carros nos portos.

Mantega enviou uma comissão à montadora para levantar dados e deve dar uma resposta, em breve, sobra a fórmula apresentada.

Pela sobrevivência

Depois da divulgação, ontem, do balanço semestral do BMG, apresentando lucro 250% maior que o do semestre passado, hoje é a vez do Banco Rural: vai anunciar prejuízo de R$ 130 milhões.

Com isso, o Rural está fazendo um ajuste patrimonial de R$ 677 milhões para R$ 525 milhões, informa o banco. E mais. Contratou quatro consultores para esses tempos de crise: o ex-BC Gustavo Loyola, o ex-BB Paulo Zagen, o advogado Caetano Vasconcellos Neto e o ex-BC Nelson Carvalho.

Mote furado

Causou estranhamento o título dado pelo banco mineiro BMG ao seu balanço, publicado ontem nos principais jornais do País: "Juro baixo é bom para todo mundo."

Terá sido criado pelo conglomerado de empresas de publicidade Marcos Valério?

Incógnita

A Avipal, mais uma vez, sofre assédio.

Será que seus donos vão vendê-la?

Depressão

Os mercados ontem aumentaram sua convicção de que todo esse imbróglio político que a população foi obrigada a assistir vai acabar em pizza.