Título: CNI aposta na queda do juro e prevê expansão industrial maior
Autor: Renata Veríssimo e Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2005, Economia & Negócios, p. B5

O crescimento industrial será mais forte do que o esperado este ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reviu de 4,5% para 5% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria em 2005, puxado pela perspectiva de queda na taxa de juros a partir de setembro e pelo bom desempenho do setor exportador. "Esse resultado (5%) já será até surpreendentemente bom por tudo o que aconteceu este ano", afirmou o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto. Segundo ele, embora a demanda interna não seja muito forte, a queda da inflação trouxe ganhos ao trabalhador, o que, combinado com a expansão do crédito consignado, sustentou a demanda por bens de consumo. Monteiro Neto disse ainda que seria uma "decepção, e até injustificado" se o Comitê de Política Monetária (Copom) não iniciar a trajetória de queda de juros em setembro. Ele acredita que há espaço para a Selic fechar o ano em 17% ou 17,5%.

Por causa do desempenho positivo da indústria, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também vai refazer para cima suas contas sobre o desempenho do PIB nacional neste ano. Atualmente, o Ipea projeta crescimento de 2,8%, bem menos do que os 3,4% projetados pelo Banco Central e ainda mais modestas do que as estimativas de 4% que já circulam entre os integrantes mais otimistas do governo.

Na cerimônia de lançamento do livro Brasil - o Estado de uma Nação, publicado pelo Ipea, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, disse ontem que apesar de o País viver uma crise política "devastadora", as instituições estão funcionando com plena vitalidade e a economia segue trabalhando de forma absolutamente normal. Para ele, é isso que deve levar o Brasil a ter "um excelente resultado de crescimento econômico neste ano" e motivar o Ipea a revisar o desempenho do País.

Segundo o ministro, os números do PIB do segundo trimestre deste ano, que serão divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), devem sustentar a revisão das estimativas. O presidente do Ipea, Glauco Arbix, admitiu que deve ocorrer a revisão para cima da estimativa de crescimento da economia brasileira, mas não adiantou nenhum número. O grupo de acompanhamento de conjuntura do Ipea, que faz as previsões, apresentará as mudanças no dia 9, no Rio. Arbix contou que a previsão do Ipea, abaixo dos 3,4% estimados oficialmente pelo Banco Central e pelo Ministério do Planejamento, já foi motivo para o instituto "levar uns puxões de orelha". Ele só não contou quem deu a bronca.