Título: Varig pode criar fundo para ajudar fluxo de caixa
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/08/2005, Economia & Negócios, p. B16

A Varig, o fundo de pensão Aerus e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estudam a criação de um fundo para melhorar o fluxo de caixa da empresa e dar mais garantias aos bancos credores da companhia. A idéia, diz o administrador judicial da Varig, João Vianna, é usar parte dos US$ 124 milhões de recebíveis que a empresa tem direito com a venda de passagens com o cartão de crédito Visa. Outra fonte de recursos seria usar as ações da VarigLog como lastro desse fundo. A proposta foi apresentada ontem ao Banco do Brasil durante reunião realizada com quatro juízes do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio, o administrador judicial da Varig, advogados da companhia e do Aerus e representantes do BNDES. Segundo o TJ, o encontro também teve a finalidade de sensibilizar a justiça americana, que hoje se pronunciará sobre o pedido de arresto de aviões feito pela empresa de leasing ILFC, dona de 11 aeronaves arrendadas pela Varig.

Vianna informou que o plano de criar o fundo ainda está em gestação e será avaliado pelo Banco do Brasil. Segundo ele, ainda está em estudo a taxa de desconto dos recebíveis, que depende da parcela de recursos gerados com a venda de passagens de pessoas que já viajaram e dos que ainda não viajaram.

RENÚNCIA

O presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, descartou ontem a hipótese de o conselho de administração e a direção executiva da companhia renunciarem. Rumores do mercado davam conta de que os executivos poderiam tomar essa decisão por causa da liminar que barrou a venda de 95% das ações da VarigLog ao fundo americano de investimentos Matlin Patterson por US$ 88 milhões. A Varig recorreu e aguarda a decisão da Justiça.

Segundo Cunha, o assunto renúncia jamais foi tratado nas reuniões do conselho. "Os documentos dos sindicatos e do administrador judicial são extremamente ofensivos e agressivos com relação à administração. Acho que injustificadamente, porque temos procurado manter um diálogo aberto", afirmou Cunha, referindo-se ao pedido de seis sindicatos do setor aéreo e do administrador judicial para a destituição da administração da Varig.

Representantes dos sindicatos de trabalhadores do setor aéreo afirmaram ontem que a Varig não tem plano de reestruturação. Eles solicitaram a apresentação do plano durante reunião com técnicos da empresa realizada ontem, mas nada foi mostrado. Cunha diz que o plano ainda não foi concluído. O executivo garante, no entanto, que ele será apresentado no próximo dia 12, limite estabelecido pela recuperação judicial.