Título: CUT, UNE e MST atacam tucanos
Autor: Mariana Caetano e Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/08/2005, Nacional, p. A6

A manifestação contra a corrupção promovida ontem em São Paulo pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) tornou-se mais uma vez um ato em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de críticas pesadas à oposição. Com a participação de servidores públicos estaduais, o ato coordenado por entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE), e o Movimento dos Sem-Terra (MST) atacou duramente os três presidenciáveis paulistas do PSDB, José Serra, Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso, e declarou apoio à reeleição de Lula. "Um, dois, três, em 2006 é Lula outra vez", cantaram algumas vezes os manifestantes. "Não em defesa do governo, é contra o impeachment", disse o presidente nacional da CUT, João Felício, que negou incentivar a defesa de Lula nos microfones. "Aqui é livre, cada um fala o que quer." Em seguida, preferiu reconsiderar. "As vestais do PSDB e do PFL não têm o direito de falar de Lula. Essa gente não, essa gente vai direto pro inferno."

Embora a figura de Lula tenha sido exaltada, muitos dos discursos proferidos não pouparam seu governo, em especial a atual política econômica. "Para que a esperança vença o medo, é preciso o (ministro Antonio) Palocci perder o emprego", disse uma representante da Marcha Mundial das Mulheres no carro de som. "O Lula tem que honrar os compromissos de campanha, senão perde o apoio dos movimentos estudantis e vai agonizar até 2006", previu o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Marcelo Gavião. O representante do MST, Paulo Albuquerque, ratificou o apoio do movimento a Lula, mas deu sinais de que em breve vai exigir uma contrapartida. "Esse processo é uma segunda chance. Agora, qual vai ser a posição do governo é ele que vai dizer."

Os organizadores estimaram 30 mil manifestantes, dez vezes o número calculado pela polícia. O ato começou pouco antes das 11 horas, na Avenida Paulista. Às 12h30 saíram em direção ao centro, em uma passeata, que durou 1h30. Em frente à sede da Prefeitura, líderes sindicais, estudantis e de movimentos sociais discursaram por mais 1h40. Em tom de provocação, o secretário de Comunicação da CUT, Antônio Carlos Spis, chamou Serra de "prefeito sem vergonha" e admitiu que o movimento era "governista" e "chapa-branca". "Temos orgulho (de ser chamado assim)".