Título: O coletivista Gentile, pai do fascismo italiano
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/08/2005, Nacional, p. A7

ESTADO: O filósofo italiano Giovanni Gentile, que José Serra citou em sua crítica ao PT, foi um aplicado estudioso de idéias políticas e de educação - mas ele passou à História, de fato, como o mentor intelectual do fascismo. Seu slogan mencionado por Serra - "Tudo para o Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado" - resume com perfeição a visão que ele tinha do papel do indivíduo no processo social: absolutamente nenhum. O Estado, ensinava ele, deve ser a fonte única de autoridade. O coletivismo, a forma natural de organização dos indivíduos, nos sindicatos. Estes devem estar atrelados a um comando central que lhes ditará o que fazer, quando e como. Em nossos tempos, Gentile aprovaria, com prazer, qualquer projeto que implantasse normas para dirigir, orientar, fiscalizar. Nascido na Sicília em 1875, ele já era autor consagrado quando, em 1922, Benito Mussolini assumiu o poder e o encarregou, como ministro da Instrução Pública, de fazer uma radical reforma na educação e no sistema político. Ele a fez e em seguida trabalhou, por 15 anos, na Nova Enciclopédia Italiana. Discordando da aliança de Mussolini com Hitler, sua influência diminuiu aos poucos. A 15 de abril de 1944, com o fascismo já esfacelado , foi capturado e morto por um grupo de guerrilheiros numa viagem entre Florença e Roma.