Título: Serra já fala como candidato e acusa o PT de copiar fascismo
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/08/2005, Nacional, p. A7

RIO - Com discurso de candidato, mas sem assumir a candidatura, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), comparou ontem o governo do PT ao fascismo italiano e instou os tucanos a fazerem comparações de sua prática, inclusive da administração do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso para correligionários no 5.º Encontro Sobre Gestão Pública e Políticas Sociais, Serra, aplaudido como possível postulante tucano ao Palácio do Planalto, atacou duramente o governo federal. Mais tarde, no lançamento da Frente Brasil sem Armas, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), foi vaiado. "Eu me lembro sempre de um filósofo fascista italiano", afirmou Serra. "Ele dizia: 'Para o fascismo, o lema é: Tudo para o Estado, nada contra o Estado, ninguém fora do Estado'. O PT inovou no Brasil. Onde era o Estado, eles puseram: 'Tudo para o partido, nada contra o partido, ninguém fora do partido'. E aí é a idéia de que são os agentes, os monitores da história. Não é uma perspectiva totalitária simples, mas deve achar que governa a história com o partido. Nossa perspectiva é outra. Diria: 'Tudo pela democracia, nada contra a democracia, e ninguém fora da democracia'."

Irônico, Serra arrancou risos ao dizer que o PSDB "não tem problemas com sua história". "Vocês repararam?", perguntou, no evento no Hotel Marina Palace, no Leblon. "A gente não tem que ficar se explicando o tempo inteiro. Não temos que passar por nenhum tribunal, nem da história, nem tribunal penal." Ele disse que isso não significa que os governos tucanos não tenham errado, mas que acertaram mais que erraram.

"No governo Fernando Henrique, o Brasil tinha rumo. E se tem uma característica do governo do PSDB da época, é que todas as crises que entravam no Planalto saíam menores do que quando tinham entrado."

"Quando tudo é prioridade, nada é prioridade", atacou em seu discurso, de 41 minutos. "Alguém sabe dizer qual é a prioridade do País? O biodiesel?", afirmou, referindo-se a um dos programas preferidos de Lula. À noite, na ABI, no ato a favor da proibição da venda de armas, Serra foi vaiado por manifestantes ligados à União da Juventude Socialista (UJS), organização do PC do B. "Golpista, golpista", gritaram.

ALCKMIN

Mais discreto, outro possível candidato tucano - o governador Geraldo Alckmin - disse que o governo tem "uma retórica oca" e criticou o "custo PT", marcado por juros altos e superávit primário maior. "Temos um presidente que vê, mas não enxerga, fala, mas não diz, ouve, mas não escuta, e um mar de lama a assolar a população." Em entrevista, lembrou que as pesquisas apontam que Lula não tem a confiança de mais da metade da população, mas, lembrou que a sondagem, mais de um ano antes da eleição, "tem valor matemático, não político".