Título: Cresce população judaica na Cisjordânia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/08/2005, Internacional, p. A19

JERUSALÉM - A população das 116 colônias judaicas na Cisjordânia aumentou em 12 mil pessoas nos 12 meses encerrados em junho, elevando para 246 mil o número total de habitantes, de acordo com estatísticas do Ministério do Interior de Israel, divulgadas ontem pela imprensa local. Esse acréscimo supera em 3 mil pessoas o número de colonos removidos este mês da Faixa de Gaza e de quatro assentamentos no norte da Cisjordânia. As estatísticas provocaram protestos de dirigentes palestinos, que acusam Israel de ampliar a colonização judaica, contrariando seu compromisso com o último plano de paz, o mapa da estrada. Esse acordo prevê a expansão apenas para atender ao crescimento natural. O porta-voz do ministério, Gilad Heiman, explicou que o aumento é resultado de nascimentos e da chegada de novos moradores, mas disse não ter cifras específicas sobre cada fator. Muitas famílias israelenses se instalam na Cisjordânia por motivos religiosos e nacionalistas - por ser a terra dos reinos judaicos citados na Bíblia. Mas há os motivados por razões financeiras, já que as casas ali são mais amplas e custam bem menos que em Israel.

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, já deixou clara sua intenção de expandir os grandes blocos de colônias judaicas, localizados perto da fronteira de antes da Guerra de 1967, quando o país ocupou a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental - territórios reivindicados pelos palestinos para formar seu Estado. Para Sharon, a retirada das 21 colônias da Faixa de Gaza vai ajudar o país a consolidar os assentamentos maiores.

Segundo o diário Maariv, Betar Ilit e Kiryat Sefer, duas colônias de judeus ultra-ortodoxos, receberam 5.500 novos moradores, enquanto Maale Adumim, o maior assentamento na Cisjordânia, aumentou em mil pessoas. Os três ficam perto de Jerusalém Oriental. No começo desta semana, o governo israelense determinou o confisco de propriedades de palestinos no entorno de Maale Adumim para a construção de uma barreira de separação que, na prática, implicará a anexação de mais terras. Israel já aprovou planos para construir mais 3.500 casas na área entre Maale Adumim e Jerusalém - distantes 8 quilômetros - embora funcionários digam que as obras levarão alguns anos.

"Nós não consideramos a situação dos grandes blocos diferente de qualquer outro lugar em Israel", disse Zalman Shoval, conselheiro de Sharon, enfatizando que o presidente dos EUA, George W. Bush, apóia esse ponto de vista. De fato, em maio de 2004 Bush afirmou, ao receber Sharon em Washington, que um acordo final de paz com os palestinos teria de reconhecer as "novas realidades" dos grandes blocos de assentamentos.

No entanto, oficialmente os EUA não mudaram a posição de que tudo tem de ser negociado num acordo de paz. Numa visita este ano do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, Bush declarou que "tudo está sobre a mesa," segundo dirigentes palestinos.

Pesquisa publicada ontem pelo diário local Yediot Aharonot indica que 54% dos israelenses querem a remoção de mais colônias judaicas da Cisjordânia e 42% se opõem.