Título: BNDES cria linha externa de crédito
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/08/2005, Economia & Negócios, p. B6

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou uma nova linha para o financiamento de investimentos de empresas brasileiras no exterior. A linha já vinha sendo cogitada desde o fim do governo anterior, mas nunca havia sido efetivada. Em julho, a diretoria do banco definiu novas regras com as quais, finalmente, este tipo de financiamento vai ficar operacional para as companhias que pretendem se internacionalizar. A idéia é oferecer apoio para as empresas nacionais que planejam comprar ativos no exterior, como empresas ou fábricas, montar estruturas de depósito ou investir em canais de distribuição. A presença e o fortalecimento das empresas nacionais no mercado internacional é uma das diretrizes da política industrial do governo, mas, até então, não havia linha formatada especificamente para isso.

Nos últimos anos, esta linha foi objeto de críticas e o assunto ficou praticamente paralisado. Uma das críticas apresentadas era de que, ao financiar investimentos no exterior, o banco estaria ajudando a criar empregos fora do País, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Agora, foi decidido que estes investimentos não usarão recursos do FAT, mas serão captados no exterior, com o financiamento baseado numa cesta de moedas. Além disso, a empresa precisa ter o controle nacional e estratégia definida de inserção no mercado externo. Outra exigência é a geração de divisas ao País, em contrapartida ao valor financiado.

O presidente do BNDES, Guido Mantega, comentou que a globalização levou a uma "mundialização" da produção e os países bem-sucedidos foram os que entraram firme na concorrência internacional. Segundo o diretor da área industrial e de comércio exterior do banco, Armando Mariante, essa alternativa "não estava clara ainda" e foi definida no mês passado. Na prática, o assunto vinha sendo trabalhado internamente nos dois últimos anos.

O superintendente da área industrial, Carlos Gastaldoni, explica que algumas vezes não basta à empresa ter um expressivo volume exportador, é preciso também montar bases no exterior. Ele argumenta que a internacionalização de uma companhia brasileira fortalece a empresa como um todo, que fica mais competitiva e ganha escala, o que ajuda a criar emprego no mercado interno.

Além disso, essa estratégia ajudará a incentivar as exportações de produtos fabricados localmente, que poderão ser aperfeiçoados ou até montados no exterior pelo mesmo grupo.

EXPORTAÇÕES

A linha de financiamento às exportações do BNDES, que está completando 15 anos, deverá liberar entre US$ 4,5 bilhões e US% 5,5 bilhões este ano, ante os US$ 3,86 bilhões desembolsados em 2004. Até julho, estes financiamentos somam US$ 2,5 bilhões, 39% do valor no mesmo período do ano passado.