Título: ACM Neto vive dias de popstar com a CPI
Autor: Marcos Rogério Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2005, Nacional, p. A8

Descendente de um dos políticos mais influentes do País, o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) soube usar bem os refletores da CPI dos Correios em prol de sua imagem. Há poucos dias, em um evento em Campos do Jordão, mal conseguia andar: "Era impressionante a quantidade de gente que me parava, pedindo autógrafos e querendo tirar foto ao meu lado". Vive dias de popstar, porém sonha em chegar mais longe, à Presidência da República. "Não é um projeto, mas um sonho para o futuro", afirmou terça-feira o parlamentar de 26 anos, no Programa do Jô, da TV Globo. Suas respostas, evasivas, dão a impressão de terem sido ensaiadas. Discursa mais do que responde às perguntas, aliás. Cabelo bem penteado, terno impecável e gravatas escolhidas após minutos de incerteza - "adoro gravatas e sou a favor de tê-las em diversidade, em número razoável", foi a forma prolixa que encontrou para justificar os mais de 50 modelos que possui. O parlamentar, casado há um ano e meio, não esconde o orgulho de ter sido eleito por um site gay o representante mais bonito da CPI. "Devem ter me escolhido também pelo conteúdo", acredita.

A (baixa) estatura o incomoda. Durante a gravação do programa, disse ter 1,68 metro. "Fiquei com receio de ser muito menor que você (Jô Soares), ainda bem que não sou", comentou aliviado o deputado. O apresentador, de 1,70 m, era maior que ACM Neto, mas não muito, porém o último utilizava um nada discreto salto de pelo menos oito centímetros.

É sobrinho do ex-deputado Luiz Eduardo Magalhães, falecido em 1998, e filho de Antonio Carlos Magalhães Júnior, suplente do patriarca da família, o senador ACM. De seu avô, ganhou o sobrenome e inúmeros conselhos desde que ingressou no PFL, em 1997. Sempre que entra na pauta da CPI um depoimento importante, pede auxílio a quem considera "um dos gênios da política". "Conversamos periodicamente, refletimos sobre o que vem ocorrendo, trocamos muitas idéias", explicou ACM Neto, ou ACMinho. Não acha ruim o apelido? "Imagina, adoro ser chamado assim", exagerou, mantendo-se firme, no entanto, no papel de se mostrar simpático. Ria alto, às vezes de forma pouco natural.

Mas se o chamarem de Grampinho seu humor desaparece. Segundo o deputado, um adversário político de seu avô foi o responsável por inventar o apelido - na legislatura anterior, descobriu-se grampos telefônicos feito a mando do senador ACM na Bahia e, por ser neto, herdou a alcunha no diminutivo. "Mas não pegou, ninguém me chama assim", garante ACM Neto.

Deputado mais votado da Bahia em 2002, com 400.275 votos, pretende concorrer ao segundo mandato no ano que vem. Almeja ainda o cargo de governador de seu Estado e assim voltar ao Palácio de Ondina - que já conhece bem, afinal se cansou de brincar nos jardins da propriedade na época em que o avô exerceu seu último mandato, de 1991 a 1994.