Título: Rara combinação: ritmo forte e inflação caindo
Autor: Fernando Dantas e Jaqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

A economia brasileira cresceu velozmente no segundo trimestre, ao mesmo tempo em que a inflação caía e a balança comercial batia sucessivos recordes. Na visão de alguns economistas, esta combinação não só é quase inédita, mas também promissora. "É uma excelente notícia, uma combinação que poucas vezes se dá na História", disse Tomás Málaga, economista-chefe do Banco Itaú. Para Samuel Pessôa, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que vem estudando o crescimento econômico numa perspectiva de longo prazo, o resultado do segundo trimestre representa "a primeira vez que temos um sinal de produtividade crescendo nos últimos anos, o que indica que talvez o potencial de crescimento da economia brasileira esteja aumentando".

Pessôa, assessor do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), acrescenta que "não há nenhum sinal de que este crescimento seja desequilibrado". O economista diz que nas últimas décadas, sempre que a economia brasileira crescia velozmente, isto decorria de situações que não se sustentavam no médio e longo prazos. Ou era porque o País estava saindo de uma forte retração econômica, ou o crescimento era acompanhado de pressões inflacionárias ou nas contas externas. Agora, observa, nenhuma destas hipóteses está presente.

Já para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o crescimento de 1,4% no primeiro trimestre pode ter sido circunstancial, devendo-se a fatores como o crescimento do crédito, que dinamizou a indústria automobilística e os produtos duráveis, e inovações como o motor bicombustível e os novos celulares. Em relatório sobre o PIB, o Iedi exortou o governo a "reduzir imediata e significativamente os juros e assegurar melhor rentabilidade cambial para o exportador" para garantir a continuidade do crescimento.