Título: Governo vai aumentar estimativa do PIB anual
Autor: Adriana Fernandes, Leonardo Goy e Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2005, Economia & Negócios, p. B3

O aumento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre levará o governo a aumentar a estimativa oficial de crescimento da economia neste ano. A previsão atual é de uma expansão de 3,4%. O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, informou que o novo cálculo deverá estar pronto até 23 de setembro, quando o governo vai divulgar mais um relatório bimestral sobre a evolução das receitas e despesas do Orçamento de 2005.

Paulo Bernardo não quis adiantar qual poderá ser a nova projeção oficial de aumento do PIB. A uma pergunta sobre a possibilidade de a previsão subir para 5%, ele respondeu: "Possível, é". Mas logo em seguida afirmou que é preciso ser cauteloso com previsões.

Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, os números da economia "estão apontando concretamente para um crescimento do PIB acima de 4%" neste ano.

Bernardo também relatou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou "jóia" o resultado anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na avaliação do ministro do Planejamento, o crescimento do segundo trimestre mostra a recuperação da atividade econômica e, por isso, ele prevê também um bom resultado para o terceiro trimestre do ano. "A nossa expectativa é que vá repetir o segundo trimestre", disse. "O PIB está bombando."

De acordo com Paulo Bernardo, a expectativa otimista se justifica pelos dados preliminares, que mostram um bom desempenho da indústria também em julho.

Já o ministro Luiz Fernando Furlan observou que o ânimo do empresariado e o crescimento do mercado interno terão uma influência relevante para o desempenho da economia no segundo semestre.

Furlan ressaltou que haverá um efeito positivo na demanda, em decorrência do reajuste do salário mínimo, além da continuidade da criação de empregos. "Também há a perspectiva cada vez mais concreta de queda de juros", acrescentou.

Outro fator que deve ajudar a empurrar a economia, segundo Furlan, é a continuidade do crescimento das exportações. "Em agosto, teremos o terceiro mês consecutivo de recorde de exportações e de importações", afirmou.

O Ministério da Fazenda não quis comentar os dados divulgados pelo IBGE. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi econômico no comentário. "O resultado do PIB fala por si só", disse ele, ao chegar ao Ministério da Fazenda para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).

CNI

O desempenho do PIB provocou reação otimista também da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O presidente da entidade, Armando Monteiro Neto, disse que o crescimento de 3,4% do PIB no primeiro semestre, em relação aos primeiros seis meses de 2004, e a expansão de 4,4% da indústria nesse mesmo período foram resultados "positivos e auspiciosos".

A previsão de Monteiro Neto para todo o ano de 2005, no entanto, é menos otimista que a do governo. "Os dados nos autorizam a manter a previsão de que o crescimento do PIB será superior a 3% neste ano", disse Monteiro. O setor industrial terá desempenho melhor, segundo ele, crescendo 5%.

Para o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), os números divulgados ontem mostram que até agora a crise política não contaminou a economia. Ele chamou a atenção para a qualidade do crescimento da economia, que foi sustentado pelas exportações, pela indústria e por novos investimentos.

Mercadante ressaltou também que os números indicaram aumento da massa salarial.