Título: Atividade da indústria paulista cai 2,7% em julho
Autor: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2005, Economia & Negócios, p. B4

O Indicador do Nível de Atividade (INA) da indústria paulista, apurado pelo Centro de Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), recuou 2,7% em julho em relação a junho (com ajuste sazonal) e 2% na série sem ajuste. Foi a segunda maior queda do ano nas duas bases, atrás apenas de janeiro (4,8% e 7,6%, respectivamente), com o agravante de ser negativo em todos os 16 setores divulgados pela pesquisa mensal. "O INA caiu de forma generalizada e os sinais da desaceleração industrial podem ser até mesmo medidos pelo consumo de energia das empresas, que parou de crescer no mês passado", ressaltou o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof.

Ele chamou a atenção para o fato de julho ser o primeiro mês do terceiro trimestre do ano, e o INA aponta para um Produto Interno Bruto (PIB) mais fraco do que o 1,4% verificado no segundo trimestre, conforme divulgou ontem o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "É claro que o PIB foi animador, mas o INA de julho acendeu a luz amarela para os próximos meses", afirmou Tabacof, destacando que o resultado de julho é reflexo direto dos juros altos e do câmbio.

Já o diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini, ressaltou que a queda de julho do INA ainda não pode ser vista como uma tendência, já que o indicador vinha apresentando desempenho positivo desde abril.

Francini manteve a projeção da Fiesp de que a indústria paulista deve crescer pouco mais de 4% em 2005. "Um crescimento modesto." O mesmo se pode dizer em relação ao PIB, de acordo com Francini, que apesar da alta de 1,4% não dá sinais de que continuará a crescer nos próximos períodos.

O diretor da Fiesp não acredita que o comportamento da indústria paulista em julho tenha refletido a crise política. "Eu, pessoalmente, acho que o consumidor está mais preocupado com o que acontece à sua volta do que em Brasília. É o desemprego que pode afetar a confiança do trabalhador", destacou, lembrando que o INA de julho refletiu dados sazonais, que incluem um dia útil a menos em relação a junho e em relação a julho do ano passado.

Entre as quedas de maior impacto no índice, estão o setor têxtil (3,1% com ajuste e 4,8% sem ajuste) e uma queda de 4,6% nas vendas reais, sempre na comparação com junho; produtos químicos, petroquímicos e farmacêuticos (3% e 0,7%, respectivamente), e 1,2% nas vendas reais; e veículos automotores (3,5% e 6,7%), com recuo de 3,9% nas vendas reais.