Título: BNDES já desembolsou R$ 28,6 bilhões este ano
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2005, Economia & Negócios, p. B4

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou R$ 28,6 bilhões até agosto deste ano, 28% acima do mesmo período no ano passado, e deverá fechar 2005 com liberações totais em torno de de R$ 50 bilhões, pelas previsões do presidente do banco, Guido Mantega. Ele também avaliou que o aumento dos investimentos no País, captado ontem na divulgação do Produto Interno Bruto (PIB), produz "crescimento sadio", que deve ser reforçado com a queda dos juros e a alta do câmbio no segundo semestre. O valor estimado para este ano é recorde e representará crescimento de 25% em relação aos R$ 40 bilhões liberados em 2004. Mas ficará 17% abaixo do orçamento aprovado para o ano, de R$ 60 bilhões. Em agosto, o desembolso foi de R$ 4,1 bilhões, conforme os dados preliminares. Os R$ 50 bilhões serão atingidos se houver uma média de R$ 7 bilhões liberados mensalmente até dezembro.

Mantega, porém, afirma que há grandes projetos em andamento e "alguns deles serão aprovados ainda este ano". Comentou os resultados do PIB, divulgados ontem pelo IBGE, que mostram que a economia está em "plena atividade" e os investimentos puxam o crescimento. "Significa que as empresas estão modificando seus equipamentos, modernizando suas instalações, comprando mais máquinas e, portanto, a produção terá condições de ser ampliada no futuro."

Estes investimentos, afirma, funcionam como uma espécie de "antídoto contra a inflação", já que ampliarão a oferta de produtos, afastando mais os efeitos de inflação provocada pela demanda. "Investimento hoje é oferta amanhã. O Brasil continua na rota do crescimento sustentado, apesar de toda a turbulência política." Mantega participou de evento com o ministro da Cultura, Gilberto Gil, sobre financiamento ao setor.

Segundo o presidente do BNDES, o crescimento é resultado da política econômica e o cenário deverá melhorar no segundo semestre, com a perspectiva de redução de juros e provável elevação do câmbio. Ele voltou a comentar que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) indica uma tendência de queda da taxa Selic nos próximos meses, o que deverá reforçar o crescimento. Com um recuo da taxa, o País poderá crescer a patamares superiores, menos distantes da média de outros emergentes.

"O segundo semestre vai ser de economia aquecida, com todos os setores de atividade a todo vapor, mostrando vigor da economia brasileira", afirmou. Mantega manteve a previsão de crescimento do PIB deste ano numa faixa entre 3% e 4% e disse que a expansão da economia prosseguirá no terceiro trimestre. "Não sei se manterá este patamar de 1,4%, mas certamente será bom."