Título: Paquistão e Israel abrem diálogo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2005, Internacional, p. A19

Israel manteve ontem suas primeiras conversações com o Paquistão, em um importante avanço diplomático após a retirada israelense da Faixa de Gaza e de quatro assentamentos da Cisjordânia. Apenas um ano mais velho que Israel, o Paquistão tem sido um crítico duro do Estado judaico desde sua criação, em 1948. O chanceler israelense, Silvan Shalom, qualificou o encontro com seu colega paquistanês, Khursheed Kasuri, de "histórico" e disse que após a retirada de Gaza chegou o momento de todos os países árabes e muçulmanos considerarem suas relações com Israel.

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, declarou que o Paquistão pretende enviar em breve uma delegação a Israel após as conversações entre os chanceleres dos dois países na Turquia. Musharraf, no entanto, ainda não reconhece o Estado de Israel.

Falando a repórteres na cidade de Quetta, sul do Paquistão, Musharraf disse que as conversações foram o primeiro contato formal entre os dois países. "Mas isso de nenhuma forma significa que estejamos reconhecendo Israel. Não reconheceremos Israel até que a questão palestina seja resolvida", afirmou.

Israel mantém relações diplomáticas somente com quatro países muçulmanos: Turquia, Jordânia, Egito e Mauritânia.

Os Estados Unidos saudaram as conversações entre Israel e Paquistão. Mas a Autoridade Palestina se mostrou inquieta com os contatos diplomáticos entre os dois países.

"Não acreditamos que o momento seja propício para dar presentes a Israel antes que demonstre seu compromisso sincero com o processo de paz, não somente com relação à Faixa de Gaza, mas também à Cisjordânia e Jerusalém", declarou ontem o vice-primeiro-ministro palestino, Nabil Shaath.

A iniciativa do presidente Musharraf de abrir o diálogo com Israel enfureceu os linhas-duras islâmicos, mas analistas disseram que a medida ajudará a melhorar a imagem da nação muçulmana no exterior.