Título: Balança do mês bate vários recordes
Autor: Denise Chrispim Marin e Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

A balança comercial de agosto apresentou saldo positivo de US$ 3,672 bilhões - recorde para o mês - e cifras igualmente inéditas de exportações (US$ 11,347 bilhões) e de importações (US$ 7,676 bilhões). Conforme os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), esses resultados levaram o superávit acumulado no ano para US$ 28,348 bilhões. Nos 12 meses até agosto, o saldo positivo foi recorde de US$ 40,108 bilhões. Indicador da solidez com que as contas do comércio de bens do Brasil com o exterior poderão encerrar este ano, o resultado dos 12 meses concluídos em agosto estimulou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a destacar que esse desempenho favorável ocorre em um cenário de valorização cambial. O presidente citou o resultado de agosto - destacando ser o quarto mês consecutivo de recorde das exportações e o primeiro em que as importações superaram o nível de US$ 7 bilhões.

"É um comércio extraordinário", comemorou, ao apresentar os resultados dos últimos 12 meses. "É um saldo nada ruim para o Brasil. O ministro Palocci (Antonio Palocci, da Fazenda) fica feliz porque tem muita gente pessimista. Mas, mesmo com o câmbio baixo, as coisas estão indo do jeito que têm que ser, com calma e com cautela."

Os dados da Secex mostram que, nos últimos 12 meses, as exportações atingiram US$ 111,206 bilhões, o que equivaleu a 25,1% em relação ao período de setembro de 2003 a agosto de 2004. As importações somaram US$ 71,098 bilhões, com crescimento de 24% na mesma comparação. A corrente de comércio - soma dos embarques e desembarques - alcançou o recorde de US$ 182,304 bilhões.

Segundo o secretário interino de Comércio Exterior, Armando Meziat, esse saldo corresponde a cerca de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) e indica que, no fim de 2005, o comércio do Brasil com o exterior deverá aproximar-se de 30% do PIB. Esses números levaram o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, a recomendar à Secex a revisão das metas para o ano, que eram de US$ 112 bilhões em exportações e superávit de US$ 38 bilhões - com as importações chegando a US$ 74 bilhões.

Até agosto, as exportações atingiram US$ 76,086 bilhões, alta de 24% em relação a igual período de 2004. A Secex verificou que a participação dos produtos manufaturados aumentou de 52,9% para 54,7%. A dos produtos básicos, em contrapartida, recuou de 31,6% para 29,6%. As importações chegaram a US$ 47,738 bilhões (21%).

O dado que mais chamou a atenção da Secex foi o de que, em agosto, a expansão das compras externas foi de de 30,6% ante agosto de 2004. Segundo Meziat, as importações tendem a crescer em função do esperado crescimento da produção industrial. Mas não deverá voltar a atingir taxas em torno de 30%.

As exportações de agosto cresceram 19,9% e apontaram, pela primeira vez no ano, porcentual menor que o das importações. Foi a segunda vez consecutiva que os embarques mensais foram superiores a US$ 11 bilhões na história. As vendas de manufaturas bateram recorde ao somar US$ 5,963 bilhões, crescendo 21,5% ante agosto de 2004. Os embarques de produtos básicos também aumentaram, em 23,8%, reforçados pela alta de preços de alguns dos principais itens. As vendas de semimanufaturados, porém, caíram 2,8%.