Título: Serviço funerário desconhece crise
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2005, Economia & Negócios, p. B14

Edredom para defuntos, urnas de plástico para guardar ossos, apoio psicológico para as famílias em luto e vendas de covas em até 60 vezes. Esses são alguns dos produtos e serviços que vão contribuir para os cemitérios e funerárias do País movimentarem R$ 7 bilhões este ano, alta de 17% em relação a 2004. As empresas que fornecem produtos ao setor vão além e devem faturar até 40% a mais, apoiadas pela criatividade, num mercado que parece desconhecer a palavra crise. "A gente não tem crise porque todo mundo é obrigado a morrer um dia", diz o diretor da Di Pace, Francesco Di Pace. Segundo ele, o faturamento da empresa deve crescer até 40% este ano, com a ajuda de um produto sem similar em todo o mundo: um ossário modular, uma espécie de estante com várias urnas feitas de plástico para guardar ossos.

A Di Pace surgiu há 23 anos de uma sugestão do dono de um cemitério em São Paulo ao empresário Francesco Di Pace, que na época tinha uma empresa de plásticos. O cemitério enfrentava um sério problema de proliferação de insetos, como baratas, e precisava de algum tipo de urna que não fosse de madeira e que não deteriorasse tão rapidamente. A idéia foi criar um produto de plástico.

"Em frente ao meu cemitério tem uma empresa de papel, mas nunca um vendedor dela veio me visitar. Não somos vistos como um ramo de negócios", diz o presidente do Sindicato e Associação dos Cemitérios Particulares do Brasil, Jayme José Adissi. Até o fim de semana, diz, o setor, integrado por cerca de 600 cemitérios particulares, deverá aprovar a criação de um código de ética e a implantação de um programa nacional de qualidade ao setor durante o IX Encontro Nacional dos Cemitérios e Crematórios, que acontece no Rio.

Um dos objetivos é promover benfeitorias às comunidades que moram ao redor de cemitérios, como aulas de alfabetização e outros cursos. Outra regra que deverá ser criada é o treinamento de funcionários. "Atendemos às pessoas no pior momento da vida delas", diz Adissi.

O produto carro-chefe da Laidom Distribuidora de Produtos Funerários e para Cemitérios é um edredom estampado que cobre o corpo, substituindo o uso de flores. A empresa surgiu há 8 anos em Arapoti (PR), e o seu faturamento deve crescer 40% este ano, estima o proprietário Celso Carlos de Moraes.

O empresário mantém contatos com cemitérios e funerárias da Argentina, Itália e até Luanda para começar a exportar regularmente. A Laidom já fez algumas exportações esporádicas.