Título: Assessor de Palocci deixa Fazenda
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2005, Nacional, p. A12

Um dia depois de depor na CPI dos Bingos, Juscelino Dourado, chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pediu demissão do cargo. Em nota oficial, o Ministério da Fazenda divulgou a íntegra da carta de demissão de Dourado e a resposta do ministro aceitando o pedido. Citado na CPI como um dos envolvidos no esquema de fraudes em licitação de lixo da prefeitura de Ribeirão Preto, Dourado não explica na carta os motivos da demissão. Na nota, Palocci diz que tem certeza da lisura do seu auxiliar. "É com respeito e compreensão que aceito esta sua decisão. Tenho absoluta certeza da seriedade e lisura com que você lidou com os assuntos de sua responsabilidade. Sua atividade pública deve ser motivo de orgulho para você e sua família", diz Palocci a Dourado.

Na carta de demissão, Dourado chama o ministro de companheiro e diz que não se desviou do caminho ético: "Estou com a consciência tranqüila de que realizei minha missão, de que não fugi do caminho ético que sempre norteou e norteará a minha vida". Ele diz ainda que tem segurança da firmeza com que lidou com os assuntos da sua responsabilidade.

Ao invés de relacionar os motivos do pedido de demissão, preferiu falar da dedicação à família e dos 20 anos de militância política, dos quais 13 anos trabalhando com o ministro Palocci.

Dourado foi citado várias vezes nas conversas do advogado Rogério Buratti com pessoas ligadas ao esquema de pagamento de propina pelas empresas de lixo para as prefeituras da região de Ribeirão Preto. Ele também é acusado de facilitar o acesso de Buratti e empresários ao ministro. À CPI dos Bingos, Dourado rebateu as denúncias de Buratti e negou que Palocci tenha recebido propina quando era prefeito de Ribeirão, entre 2000 e 2002.