Título: País vai crescer só 3%, diz Unctad
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2005, Economia & Negócios, p. B9

O Brasil será a economia com o menor crescimento entre os principais países da América Latina em 2005 e um dos piores entre os países emergentes, segundo relatório anual publicado ontem pela Unctad, Conferência para o Desenvolvimento e Comércio das Nações Unidas (ONU). Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, os dados estão "equivocados". O crescimento do Brasil projetado pelo documento será de 3% em 2005, inferior à média de 4,2% da América Latina e dos 5,5% dos países emergentes. Na região, os destaques são a Argentina, com crescimento previsto de 7,5%; a Venezuela, com 8%; e o Chile, com 6%. Mesmo Uruguai, Peru, Bolívia e Paraguai apresentarão taxas superiores de crescimento, segundo a Unctad. Para Furlan, a avaliação da ONU não leva em conta o resultado do PIB brasileiro no último trimestre. "Minha avaliação é de que o nosso crescimento será superior a 4%", disse. O ministro não acredita que a crise política possa influenciar os números.

Pelas projeções da ONU, 2005 terminará com um crescimento do PIB mundial inferior ao de 2004. O ano deve fechar com um incremento de 3%, com os Estados Unidos crescendo a 3,5%. Para os analistas, fica claro que os Estados Unidos não podem mais conduzir o crescimento mundial sozinhos. Índia e a China estão se tornando os "segundos motores" do mundo. Sem a China, a média de crescimento dos emergentes cai de 5,5% para 4,6% em 2005.

O aperto monetário brasileiro é apontado como responsável pela queda no ritmo de crescimento. A mesma avaliação vale para o México. Por causa do desempenho das duas economias, diz a ONU, a média de crescimento da região será rebaixada entre 2004 e 2005.

O aumento nos preços do petróleo, segundo a Unctad, tem efeito menor na América Latina e particularmente no Brasil. O País, afirmam analistas, conseguiu fazer uma boa substituição do petróleo por recursos nacionais, entre eles o etanol, além de aumentar produção de hidrocarbonos.

SUL

A ONU acentua o crescimento do comércio entre os países emergentes, tema defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas seus dados indicam que o Brasil ocupa apenas a 10ª posição entre os países do Sul que mais compra de seus vizinhos. O Brasil representa apenas 2,2% do que países emergentes importam de outros países pobres - não está nem entre os 10 maiores compradores de manufaturas de outros emergentes. Na classificação, é superado pelo México. A liderança é da China que compra 21% de tudo o que se comercializa entre os países do Sul.

Mas o Brasil consegue exportar mais que importa. O País tem 3,3% das vendas entre o Sul e ocupa 9ª colocação, superado por Índia, Tailândia e Malásia. Em produtos industriais, representa 2,4% do comércio Sul-Sul e 3º em agricultura, com 10,6%.

Surpreendentemente, Argentina e China vendem mais ao Sul que o Brasil em produtos agrícolas.