Título: Taxa de câmbio ainda ajuda as exportações, garante Cepal
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2005, Economia & Negócios, p. B9

Contrariando as queixas de setores exportadores, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) garantiu ontem que atual a relação entre o real e o dólar ainda favorece a exportação de produtos brasileiros. Segundo o diretor do escritório da Cepal no Brasil, Renato Baumann, a taxa de câmbio mostrou-se capaz de preservar as condições de competitividade mais altas para os produtos nacionais, entre meados dos anos 90 e 2004, em comparação com as de concorrentes de fora da América Latina. Mas ele admitiu que a valorização do real desde o final de 2002 vem corroendo essa vantagem que, em algum momento, pode ser revertida. "Essa é uma questão de US$ 5 bilhões", afirmou, ao referir-se ao possível impacto negativo, sobre as exportações, da valorização ocorrida nos últimos anos. "Causa perplexidade o desempenho exportador brasileiro no atual cenário de taxa de câmbio aparentemente adversa, de atividade econômica em recuperação e de taxa de juros estratosférica", acrescentou, durante a apresentação do Relatório de 2005 da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). Baumann fez suas conclusões com base no Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2004-2005, feito pela Cepal.

Ele advertiu ainda que, a essa tendência pouco favorável para as exportações, soma-se a indecisão do País sobre qual a efetiva participação da balança comercial na política macroeconômica. Como exemplo, Baumann disse que o País ainda não definiu a pauta de exportações que pretende consolidar a longo prazo nem realmente é necessário alterar o câmbio.