Título: PF apreende documentos do Rural
Autor: Eduardo Kattah e Raquel Massote
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/09/2005, Nacional, p. A11

A Polícia Federal apreendeu ontem documentos bancários e fiscais em agências do Banco Rural e em vários outros endereços na capital mineira, como parte da Operação Lavoura. O objetivo é recolher material de empresas e empresários suspeitos de ligação com um esquema de envio ilegal de dinheiro para o exterior, descoberto nas investigações do caso Banestado. Ao todo, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão expedidos pela 2.ª Vara Federal do Paraná, sendo 15 em Belo Horizonte, 2 no Rio, 1 em Curvelo e outro em Capitólio, no interior de Minas.

De acordo com a PF, o foco da operação eram as empresas Trade Link Bank, Radial Enterprise e Deal Financial Corporation - que alimentaram a conta da offshore Dusseldorf Company Ltd., aberta pelo publicitário Duda Mendonça para receber R$ 10,5 milhões do PT por meio de caixa 2.

A intenção dos agentes era colher documentos que revelariam operações suspeitas das empresas e ligações com a instituição financeira.

EXECUTIVOS

Por volta das 9 horas, policiais federais chegaram à sede do Rural, no centro de Belo Horizonte, onde permaneceram por quatro horas. O MPF suspeita que a Trade Link pertenceria ao banco mineiro.

Um executivo e um ex-executivo do banco - Guilherme Rabelo e José Henrique Horta -, chegaram a ocupar cargos no Trade Link. Segundo o advogado do Rural, Maurício Campos Júnior, os agentes copiaram dados de computadores utilizados por Rabelo e Horta.

A PF esteve na sede da Radial Participações, que pertenceria ao irmão do doleiro Camilo Assunção - apontado como dono da Radial Enterprise. O doleiro foi preso na Operação Farol da Colina, da PF, no ano passado.

O delegado Alexandre Leão evitou entrar em detalhes sobre a ação, alegando segredo de Justiça. A princípio, ele negou que os mandados tenham relação com as denúncias envolvendo remessas para Duda no exterior, mas depois comentou: "É possível que em uma análise ou outra surja alguma nova evidência sobre isso."

Os documentos apreendidos ontem foram encaminhados à Justiça do Paraná, que fará a triagem e análise. A operação mobilizou 70 policiais, entre agentes, escrivães e dois delegados.

Em nota, o Rural reafirmou que "não tem vínculos societários com o Trade Link Bank, apenas relações comerciais". Informou, ainda, que não tem informações sobre a Radial Enterprise e a Deal Financial.

O banco acrescentou, também, que entregou todos os documentos requeridos pela CPI dos Correios e tem facilitado as investigações, disponibilizando os dados dentro dos prazos.