Título: Punições já aplicadas afastam idéia de pizza
Autor: Marcelo de Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - Integrantes da CPI dos Correios rechaçam a idéia de que as investigações sobre o escândalo podem terminar em pizza. Eles lembram que mesmo que alguns parlamentares consigam escapar da cassação, as descobertas feitas pelas comissões já provocaram um estrago político de proporções avassaladoras e a demissão de importantes integrantes do governo. Ao todo, as descobertas da CPI já custaram, até agora, a queda de 28 integrantes dos principais escalões do governo, 7 dirigentes partidários e pode custar o mandato de 18 parlamentares. Algumas dessas quedas foram estrondosas, como a saída de José Dirceu do comando da Casa Civil, e a de Luiz Gushiken da Secretaria de Comunicação de Governo.

"Não dá para falar em pizza. As investigações desmontaram esse governo e provocaram inúmeras demissões. Se só o José Dirceu tivesse sido demitido, já seria um estrago político de grandes proporções. Ele era o homem forte do governo Lula", diz o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), da CPI dos Correios.

"O governo foi destroçado pelas descobertas da CPI. A cúpula do PT foi derrubada. Até mesmo a situação do presidente Lula ainda é frágil. Os principais responsáveis pelo escândalo estão sendo punidos. É claro que a investigação produziu um grande impacto", reforça o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

Não foram poucas as estatais que tiveram suas cúpulas modificadas por conta das denúncias de irregularidades. Caíram diretores dos Correios, Furnas, Eletronorte, Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), Casa da Moeda, Banco do Brasil. "Houve um aparelhamento nas estatais, que fez com que aparecessem várias ramificações das irregularidades, com prejuízo para os cofres públicos", diz Rodrigo Maia.

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As descobertas dentro do escândalo dos Correios desmontaram até o esquema de publicidade do governo. O envolvimento do publicitário Duda Mendonça no pagamento de campanhas eleitorais do PT em esquema de caixa 2 fez com que o governo decidisse não renovar seus contratos para cuidar da propaganda oficial. Duda Mendonça teve um papel decisivo na estratégia eleitoral que garantiu a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto em 2002.

A freada de arrumação no setor também se deve à saída do ministro Luiz Gushiken do comando da Secretaria de Comunicação de Governo, junto com seu subsecretário Marcus Flora. A área de publicidade passou a ser subordinada à Secretaria-Geral da Presidência, comandada pelo ministro Luiz Dulci, e ainda está sendo reorganizada.